sábado, 29 de junho de 2013

Tríplice Fronteira: palco de conexões e contradições.


Camila Balestri dos Santos
Isabelle Teixeira Bertini
Luana Thayza de Oliveira
Mariana Baccarin

 Introdução

Este relatório revela-se como resultado do trabalho de campo realizado pelas disciplinas de Recursos Naturais e Educação Ambiental e Geografia do Brasil, oferecidos pela Universidade Estadual de Londrina do curso de Geografia, visto que será sobre a disciplina de Geografia do Brasil que as reflexões se debruçarão. Neste sentido, tendo em vista as teorias que fazem do estudo uma base conceitual, percebe-se a necessidade de uni-las cada vez mais a realidade, para que de fato elas tenham sustentação no que se refere ao olhar prático daquilo que se deseja obter como resultados de conceitos científicos.
O trabalho de campo aparece assim, como um dos mecanismos que permitem a melhor compreensão para poder explanar sobre resultados que se deseja obter com relação às hipóteses. Cabe ressaltar, portanto, que os conteúdos trabalhados possuem ligação com os objetivos do trabalho de campo, sendo eles a questão do que vem a ser território e como ele se comporta mediante os processos atuais e as fronteiras impostas, que se materializam nas regiões e no desenvolvimento das mesmas, com seus acontecimentos históricos, culturais, econômicos e políticos.
Sendo assim, o trabalho de campo realizou-se no período de 07 á 09 de Junho do ano de 2013 com destino á Foz do Iguaçu, bem como a área de tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, pelo qual foram visitados o Parque Nacional do Iguaçu, a Usina de Itaipu, o Museu Guarani, bem como os países da fronteira, que revelaram aspectos únicos no que se refere à natureza, sociedade e seus modos de organização. No que diz respeito à disciplina de Geografia do Brasil, os objetivos giraram em torno de perceber as relações das atividades desenvolvidas em áreas de Fronteira Internacional com o Brasil em estudo de caso com a Argentina e o Paraguai e análise do aglomerado urbano da tríplice fronteira nos aspectos econômicos, sociais, de segurança, culturais e turísticos.
O trabalho revelou-se como algo que contribuiu para as análises que se desejava obter, a partir do momento em que foi possível perceber de perto aquilo que se conhece sobre a realidade desta parte ligada ao território brasileiro, mesmo que não esteja de certa forma, inserido neste, mas com ele possui relações, que foram descritas na caderneta de campo, como matéria prima daquilo que foi colhido, mostrando-se como importante ferramenta para o geógrafo ao reavaliar os espaços criados pelos grupos sociais e que estão em constante modificação.
A partir das análises, torna-se pertinente avaliar as informações presenciadas através de mapas, croquis e divisão das áreas de estudo. Neste caso, o relatório apresentará os conceitos iniciais pertinentes ao campo, bem como a história da região, os processos, a influência do capital e seus desdobramentos que se refletem no ordenamento e nas características das regiões como um todo, e os resultados do trabalho, a partir da união entre a teoria e a prática e a relação entre os conceitos, o que auxiliará na legitimidade dos estudos. 

Conceito de fronteira, Território, usos do território e historia da região
 A área de tríplice fronteira Brasil, Argentina, Paraguai, reflete intensa dinamização e características próprias, no que se refere ao seu modo de organização, economia e cultura. Estes fatores diferenciados acabam por abarcar a questão do território que por si só é alvo de ações e modificações provocadas pelos agentes que produzem o espaço nas suas mais diversas formas. Sendo assim, torna-se essencial entender o que vem a ser o território e como se dá sua formação e como ele tem sido visto a partir das suas dinâmicas, para que a análise espacial seja efetiva.
O território reflete o quadro de vida, pois o futuro está nele, como coloca Santos (2005). Tendo em vista esta afirmação, percebe-se que o território em si mesmo não faz dele algo consistente, mas sim o seu uso e como isto se reflete ao redor. Cada sociedade, portanto, fará uso do seu território de diversas formas, de acordo com a história de seus processos, refletindo em diversas maneiras de analisá-lo. A nação, portanto, aparece como um dos componentes que interfere no ordenamento territorial, e por sua vez, nas características gerais que culminará na realização do exercício pleno de se concretizar o território.
Percebe-se cada vez mais, que os vínculos entre o estado e o território, pois um não faz sentido sem a presença do outro, estão enfraquecendo, pois há cada vez mais a transnacionalização do território (SANTOS, 2005), em detrimento de raízes que fazem dele algo exclusivamente único, pois a ciência, tecnologia, e a informação tomam conta cada vez mais dos espaços, ultrapassando limites e fronteiras. Neste sentido, estes acontecimentos acabam por descaracterizar muitas vezes a verdadeira base do que seria o território, com características da própria nação que o produz, que nele interfere, tendo em vista a ação de agentes com interesses distintos sobre o mesmo.
Sendo assim, o que se percebe cada vez mais é a fluidez e competitividade que rege as ações humanas e provoca cada vez mais novos recortes e noções de território, com funcionalidades e relações diversificadas e dando lugar a espaços locais e globais que se relacionam e se interferem constantemente. Percebe-se que o espaço banal colocado por Santos (2005), como o território de todos, revela na verdade o comando por parte de algumas esferas particulares, o que acaba por sacrificar o direito da sociedade em ser parte integrante do seu próprio ambiente de vida, pois quem disciplina e normatiza os acontecimentos são as novas demandas, o mundo.
Os processos descritos acompanham o chamado neoliberalismo, que traz consigo a globalização perversa e o sacrifício da nação, o que pode ser presenciado a partir dos acontecimentos atuais. Cada sociedade organiza e faz acontecer a sua história, de maneira diferenciada, e nenhuma delas possui função permanente ou nível de forças produtivas fixo (SANTOS,1982). Tendo em vista esta indagação, a sociedade participa no processo de formação do seu espaço, seja de forma plena ou não. O que tem acontecido, no entanto, é uma inversão nos papéis desempenhados pela sociedade, sendo ela um ser passivo no processo, em detrimento de outras forças maiores.
Como coloca Santos (1982), as reações que caracterizam o global terão um significado particular em cada lugar, visto que os processos acontecerão em nível de totalidade. O espaço e a distribuição deste exercerão um papel na evolução das formações econômicas e sociais, que estão ligadas as ações da sociedade e como elas se desenvolvem. Por este motivo, ainda que o território esteja sendo alvo de conflitos de interesses e propagação de um novo acontecer a nível global, os indivíduos a partir de sua história, traçam realidades distintas no que se refere ao espaço em que vivem, que apropriado, culmina em lutas pelo poder.
As novas realidades apontam para o termo utilizado por Santos (2001), com relação ao território usado, sinônimo de espaço geográfico, como colocado, o espaço pelo qual se desenvolvem as formações sociais e econômicas. Neste sentido, se obtém cada vez mais a necessidade de analisar a constituição do território, com suas formas de uso e evolução, visto que o meio técnico científico informacional é a expressão geográfica da globalização, que culmina em novos fluxos, e no aparecimento das regiões do mandar e do fazer que condicionam a localização dos atores que operam sobre o território. As análises destes fatores auxiliam na interpretação da sociedade e seus desdobramentos.
O papel desempenhado pelo território, diz respeito como colocado, ao papel dos atores que nele interferem, sendo que as influências ultrapassam muitas vezes as fronteiras, culminando na verdadeira relação entre os lugares. Deste modo, e tendo em vista a particularidade apresentada pela região da tríplice fronteira, percebe-se que os processos descritos refletem a realidade apresentada para pelos países Argentina, Paraguai e Brasil. Estas regiões possuem particularidades no que se refere à formação do seu território, que engloba os aspectos físicos, econômicos, sociais e culturais, responsáveis pela formação social dos indivíduos presentes no espaço e que de certa forma exercem sua ação, ainda que comandadas pelas interferências de outros agentes, levando a consequências que como tal eles vivenciam.
A noção de fronteira está ligada a uma descontinuidade política, um limite jurídico da soberania e competência territorial de um estado. Este conceito remete a tempos passados, em que se estabeleciam ordens de batalha das tropas combatentes. A fronteira está ligada também a zona de contato entre domínios territoriais distintos, aparecendo assim, muitas vezes como regiões de contato de conflito ou de troca entre culturas. (RIBEIRO, 2002). A transnacionalização da economia, como foi colocada, que permeia o território, implica em mudanças significativas na aplicação dos mecanismos de controle e nas formas de produção de riqueza das nações, que possuem características históricas, como é o caso da região da tríplice fronteira entre o Brasil, Argentina e Paraguai, como pode ser visualizado no mapa abaixo:
  Fonte: SEGURANÇA NACIONAL, 2011.
              
Mapa 1: Área da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

A região da tríplice fronteira deu-se de início com a colônia militar do Iguaçu, no ano de 1888. Após a guerra do Paraguai, o Brasil e a Argentina trataram de povoar a região com a intenção estratégica de possuir o máximo de influência sobre os rios Prata e Iguaçu. Assim, seriam criadas as cidades de Porto Iguaçu e Foz do Iguaçu. A construção da usina hidrelétrica de Itaipu no ano de 1970, fez com que houvesse um aumento significativo da população, o que fez com que no ano de 1960, os três países começassem a receber imigrantes árabes, que deixavam seus países por motivos religiosos ou políticos. A presença destes, fez com que os três países atentassem para a questão a segurança, sendo que em 1990, ocorreram ataques terroristas na região da tríplice fronteira (FUNAG, 2009).
O fluxo de mercadorias e pessoas faz com que haja preocupação por parte das autoridades, pois é percebida como uma área sem controle, com alto fluxo de mercadorias muitas vezes ilícitas como armamentos oriundos da Argentina para o Brasil ou mesmo tráfico de drogas e contrabando, que ocorrem com mais frequência entre o Brasil e o Paraguai. Neste sentido, percebe-se que diversos fatores interferiram para a criação da região e que os processos históricos, fizeram dela algo único no que se referem as suas características.
Percebe-se que o modo de ocupação, o desenvolvimento e os aspectos que culminam em estruturas de organização, acabam por refletir nas características em que se dará o território, como pode ser visto no caso da área de tríplice fronteira, pelo qual os processos estão diretamente ligados a maneira como se deu a formação espacial e econômica, com interferências culturais distintas como no caso da presença árabe, que acaba por revelar conflitos que promovem ainda mais ênfase á gênese do território. Pode-se dizer que a região também tem sido alvo cada vez mais, ainda que indiretamente, dos novos atores que produzem e interferem no espaço, haja vista a complexidade de relações.


Fonte: Google Earth. Adaptado por Luana de Oliveira
Figura 1. Tríplice Fronteira

Os Tupi-Guarani, povo semi-nômade que ocupava a região de Foz do Iguaçu viviam em aldeias estabelecidas em clareiras na borda da floresta com camping em cavernas e na saliência das rochas. Esta organização indígena, presente em toda a América, foi alterada ao longo das décadas a partir da ocupação pelos Ibéricos no século XIV e tem sua herança perpetuada em um povo descente da etnia Guarani onde sua história e cultura tão rica está confinada em museus, pois depois de mais de 500 anos de exploração é possível analisar o território da Tríplice Fronteira como palco de interesses capitalistas. Desde a captura dos indígenas para servir de mão-de-obra escrava no Brasil colônia até as atuais disputas de terra com os agricultores nos dias atuais é visível o palco de lutas e disputas que é o Oeste Paranaense.

A região de Foz do Iguaçu (fronteira com Paraguai e Argentina) não foi explorado comercialmente até o século XIX, pois apesar de constituir fronteira a sua localização geográfica marcada pela presença de um rio caudaloso como o Paraná tornava esta empreitada pouco viável. A região era ocupada por indígenas da etnia Guarani que ocupava toda a região da Tríplice Fronteira. Sendo assim o Brasil só começou a se apropriar desta porção do território Brasileiro a partir do século XX através de acordos de navegabilidade com a Argentina e o Paraguai que tornou a região mais conectada com os países vizinhos do que com o território Brasileiro.
Atraídos pela erva-mate os Argentinos iniciaram a extração na região de Missiones como contrabando despertando assim a atenção do governo imperial Brasileiro que iria instalar uma colônia militar para controlar a extração e contrabando da erva-mate. A colônia militar fora instalada em Guarapuava, núcleo urbano mais próximo da tríplice fronteira. Segundo Waichoricz (2010) na primeiro expedição à Foz do Iguaçu, em 1889, haviam 324 habitantes que eram na sua maioria Argentinos e Paraguaios, e em 1905 o contingente populacional já era de aproximadamente 1000 habitantes que se ocupavam em extrair madeira e erva-mate como forma de sustento. Os militares mandados para a colônia de Iguasu também passaram a contrabandear este produtos, pois sentiam-se abandonados e isolados pelo governo brasileiro, pois o contato com a "civilização" dava-se através de navios Argentinos que traziam mantimentos e demais objetos.
A livre navegabilidade dos Argentinos, a partir de 1881, propiciou uma exploração mais intensa do território Paranaense e de seus produtos. Com ou sem permissão do governo Paranaense a Obrage era um tipo de propriedade extrativa que desenvolveu-se nas margens do Rio Paraná. O obragero Argentino era o latifundiário Argentino que contratava mão-de-obra Paraguaia (indígenas) a fim de explorar madeira, erva-mate e outros produtos da floresta. Em certos casos o obragero Argentino comprava uma porção de terra para explorar, mas muitos eram ilegais e exploravam sem permissão. Outra característica deste sistema era relação entre o obragero e os mensu (Paraguaios) que eram os empregados destes latifúndios onde trabalhavam sempre para pagar suas contas aos patrões, mantendo uma relação de dependência e exploração. A erva-mate explorada no Paraná era transportada para a Argentina para ser industrializada e comercializada.
Depois de décadas do sistema de obrage explorar erva-mate os Argentinos começaram a plantar ervais artificiais que substituíam a exploração da erva-mate Brasileira e deste forma a partir de 1930 a obrage foca-se na exploração de madeira que agora era transportada em jangadas pelo Rio Paraná. Tanto o mate quanto a madeira extraída das matas do rio Paraná fizeram a fortuna dos obrageros (Argentino, Italianos , Ingleses e Alemães) que concentravam a riqueza desta exploração.
A partir da revolução de 1924 o governo passou a prestar mais atenção ao território oeste do Paraná, pois nem o português era a língua corrente nesta região. O abandono do oeste Paranaense era percebido e tornava-se alvo da discussão acerca de transformar o oeste Paranaense e uma grande porção do Estado de Santa Catarina em Território Federal do Iguaçu para nacionalizar esta porção do Brasil tão esquecida. Esta proposta do governo Getúlio Vargas  visava garantir aos Gaúchos voltar a influenciar a política Brasileira e esta influência visava se estabelecer na região de fronteira com a Argentina e o Paraguai onde quem apoderava-se do território eram os Argentinos.
Surge assim a "marcha para o oeste" incentivada para a ocupação da chamada fronteira Guarani onde os rincões desabitados povoavam a imaginação da população e despertava um sentimento de nacionalismo.
Nesta atmosfera começam a surgir empresas imobiliárias com a Maripá que era dirigida por acionistas de dois grandes grupos. O grupo Dalcanale-Ruaro (comerciantes italianos de uma antiga fazenda obrera) tinha 33% das ações e o outro grupo alemão possuía 66% das ações. Estes dois grupos eram de origem Européia, mas já tinham instalado no Rio Grande do Sul. Destes grupos tiveram início a venda de terras controladas pelo capital Gaúcho e arquitetada por uma política etnocultural-religiosa que procurava não misturar descendentes de alemão e italianos em um mesmo núcleo populacional. Esta política, calcada numa visão etnocêntrica, acabou gerando nas cidades de Marechal Cândido Rondon e Toledo núcleos populacionais homogêneos e com características divergentes da população local que eram os indígenas.
Nos dias de hoje, mais precisamente 2013, Foz do Iguaçú é a cidade com mais destaque no Oeste Paranaense. A Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu é um exemplo da potencialidade de ordem natural que o Rio Paraná oferece ao Brasil e que tem Foz do Iguaçu como a principal cidade receptora de um grande contingente populacional, somando a este fato a potencialidade turística das Cataratas do Iguaçu e também a questão da ponte da amizade ligar o Brasil ao Paraguai, estas características concederam à cidade de Foz do Iguaçu o caráter de polo regional. Foz do Iguaçu polariza comércio, serviços e é palco de decisões políticas e econômicas a nível nacional e regional, constituindo uma liderança que se mostra através de uma cidade multicultural e multiétnica.


Resultados do Trabalho de Campo
             Saindo de Londrina às 6h20min da manhã do dia 7 de junho de 2013, sendo realizadas duas paradas durante o trajeto, sendo uma Maringá às 8h30min em um posto de gasolina e a segunda em Cascavel para almoço às 12h30min. Retornamos para a estrada aproximadamente 13h15min.  A chegada na cidade de Foz do Iguaçu ocorreu às 15h15min, tendo sido percorridos  aproximadamente 530km. Durante a viagem como um todo, foi possível perceber a presença de diversas plantações, como a de milho, soja e trigo, demonstrando que grande parte da vegetação nativa já foi retirada. Quanto mais perto de Foz do Iguaçu, maior se tornou a presença de Araucárias, sendo visível devido a isso, a mudança de clima. As estradas do percurso estão boas e a viagem foi tranquila.

Parque Nacional do Iguaçu
             Logo após chegarmos à cidade de Foz de Iguaçu fomos direto para o Parque Nacional do Iguaçu, sendo que, pegamos um ônibus que dava destino a trilha para as cataratas (Figura 2). Durante o percurso de ônibus no Parque Nacional do Iguaçu até a trilha foi perceptível a presença de vegetação, sendo que em ambos os lados da estrada havia grande quantidade de árvores. Apesar de ser um cenário bonito, alguns fios e concretos jogados perto desta vegetação deixava o ambiente mais “urbanizado”. Devido a presença de turistas estrangeiros, no ônibus, as falas eram feitas tanto em português quanto no inglês.

Fonte:http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/paginas/66-transporte-no-parque-nacional-do-iguacu.aspx
Figura 2. Ônibus de acesso para as trilhas do Parque Nacional do Iguaçu

Na trilha para as cataratas, foi possível ter acesso a diversos mirantes com ângulos bem diversos com vista para as cataratas (Figura 3, 4 e 5). A limpeza do local é visível. Não se encontra lixo pelo caminho e o espaço é bem cuidado. Há a presença de educação ambiental no que diz respeito a produção de lixo encontrado nas cataratas, logo na entrada, há um boneco gigante feito somente com esses lixos encontrado nas trilhas e nas cataratas e assim, destacando a necessidade de cuidar do local.

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
 

Figura 3.  Primeiro Mirante das Cataratas         Figura 4. Segundo Mirante
  
Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 5. Mirante Principal  do Parque Nacional do Iguaçu

Um ponto interessante a se destacar é a presença de pessoas de diversas nacionalidades no local. Americanos, japoneses, mostrando que o local é reconhecido internacionalmente. O fato de ser considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo pode justificar um pouco a procura para se conhecer o lugar, o que movimenta o turismo do local. Vale ressaltar que os produtos vendidos dentro do Parque é alto, fazendo com que estes não sejam de fácil acesso a todas as pessoas e demonstrando a etilização do local.
Outro ponto importante a se destacar é que o Parque é dividido em dois, sendo uma parte pertencente ao Brasil e outro a Argentina, sendo ambos reconhecidos como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO. Ambos os parques possuem uma grande biodiversidade, entre elas espécies da fauna e da flora que estão ameaçados de extinção, como é o caso da onça pintada, o jacaré de papo amarelo e o papagaio de peito roxo. O primeiro dia do trabalho de campo foi finalizado às 18h30min e a última parada foi o hotel em que ficamos hospedados, chamado Lan Ville.

Usina Hidrelétrica Binacional  de Itaipu
A visita a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu ocorreu no dia 8 de junho de 2013, com visita marcada para às 8h00min.  A Usina está localizada no Rio Paraná no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14km ao norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad Del Este, no Paraguai.
Vale ressaltar que a construção da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu teve repercussão direta no diz respeito ao comércio presente na fronteira entre o Brasil e Paraguai, ou seja, fez com que a região continuasse a se desenvolver atraindo milhares de pessoas para o local, além disso, fez  com que a oferta de importados se ampliasse. Como salienta Rabossi (2004),
A construção da hidroelétrica de Itaipu (1974-1984) produziu uma profunda transformação demográfica e infra-estrutural, a qual veio a se juntar com as transformações em andamento na região. O comércio continuou crescendo em ambos os lados da ponte. No lado brasileiro, as numerosas importadoras transformaram Foz do Iguaçu num dos mais importantes entrepostos de produtos brasileiros para exportação; comércio desenvolvido por comerciantes árabes, brasileiros e também paraguaios. Junto às carretas que atravessavam a ponte, centenas de paraguaios –milhares depois- começaram a viver da introdução de mercadorias brasileiras no território paraguaio. No lado paraguaio a oferta de importados ampliou-se. Muitos representantes de firmas internacionais estabeleceram-se lá com o passar do tempo. (p. 154)

Ao chegarmos ao local assistimos a um vídeo que ressaltava de maneira bastante clara a hidrelétrica, ou seja, demonstrava a sua história, sua responsabilidade social, os prêmios recebidos, os programas e ONGs mantidas pela usina e também como tratavam e se importavam com o meio ambiente, animais e índios. Após o vídeo ser passado, fomos levados ao mirante central da Usina (Figura 6), porém a visita foi bastante rápida com duração de apenas 10 minutos e não tivemos uma boa visão da mesma. Após a visita ao mirante central, passamos de ônibus pela Usina, para termos uma visão mais abrangente da mesma (Figura 7 e 8).
   
Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 6: Mirante Central da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira
 

Figura 7.  Comportas da Usina.             Figura 8.  Duto da Usina

De maneira geral, a visita deixou a desejar, pois não conhecemos muito bem sobre a hidrelétrica. O vídeo que nos foi passado só fez propaganda da Itaipu e assim fica difícil saber até onde tudo o que nos foi passado é realmente o que acontece. Apesar de ter uma guia durante o trajeto, não foi possível fazer nenhuma pergunta ou reflexão caso alguém tivesse interesse. E também, a guia foi bastante ríspida com a gente, o que dificultou ainda mais um maior contato. Desta forma, não houve muito conhecimento apreendido, o que escutamos e vimos no local foi bastante escasso.
Apesar de dizerem que se importam com o meio ambiente e com os animais os índios que por ali habitam, para que a usina hidrelétrica fosse construída foi necessário mudar o percurso do rio e também houve a retirada de animais e pessoas que ali viam como seu habitat natural. Eles podem tentar “compensar” o que foi feito, mas antes disso, já houve estragos para a construção da mesma. É interessante destacar que o tamanho da represa é impressionante, assim como toda a sua estrutura.

Ciudad Del Leste
            O nosso trabalho de campo em Ciudad Del Leste se deu no dia 08 de junho de 2013, por volta das 11 horas da manhã, após termos feito uma visita a Usina Binacional de Itaipu. Nossa parada foi ainda em Foz do Iguaçu do lado brasileiro da Ponte Internacional da Amizade, ponte de une o território dos dois países por cima do Rio Paraná. Lá, saltamos do ônibus e a pé seguimos em direção à Ciudad Del Leste, passando pela ponte onde já foi possível identificar algumas particularidades daquele local.
            Esta cidade fica a 327 km da capital Assunção, é a capital do departamento de Alto Paraná e esta situada ás margens do Rio Paraná, no extremo leste do Paraguai. Tem uma importância significativa na economia do país visto que tem em seu território uma Zona Franca de comércio que é caracterizada como a terceira maior do Mundo.  Sendo que, como salienta Silva (2010)
A zona franca paraguaia atende principalmente a consumidores brasileiros. Durante os anos 1980, empresários de diversas nacionalidades, com destaque para árabes e asiáticos, começaram a se instalar e comercializar produtos importados. O comério cresceu e atingiu um significativo volume de negócios entre os anos 1990 e 2000, atraindo centenas de imigrantes para a região em razão das oportunidades surgidas. (SILVA, 2010, p. 7)

            Devido a isso, sua dinâmica, em especial nas localidades próximas a Ponte Internacional da Amizade é muito especial, tendo um grande fluxo de pessoas, veículos e mercadorias.
            Passamos pela Aduana Paraguaia sem qualquer problema ou indagação. O fluxo de pessoas saindo e entrando de um país para o outro é tão comum naquele local que por vezes nem percebemos que estamos passando por uma fronteira. No local, havia uma placa com o mapa indicando a localização das principais lojas (figura 9). 
Segundo Carneiro Filho (2012),
"O comércio de Ciudad del Este conta com aproximadamente 10 mil estabelecimentos formais, além de milhares de vendedores de rua (os mesiteiros). O dinheiro movimentado pela cidade é vital para a economia do Paraguai." (CARNEIRO FILHO, 2012, p.88)

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
  Figura 9. Mapa de localização das principais lojas de Ciudad del Leste

            A Ciudad del Leste possui características bastantes particulares no que diz respeito a sua forma, como por exemplo as passagens, escadas e corredores de galeria. Segundo Rabossi a área central da cidade é conhecida como um grande bazar devido a “infra-estrutura que ocupa as calçadas de forma permanente (caixas metálicas e quiosques) e de formas temporária (mesa de madeira e expositores).” (RABOSSI, 2004, p.156)
Nesta área de comércio estão os chamados mesiteros que são aqueles que trabalham na rua lugar especifico se utilizando de uma pequena mesa de madeira desmontável. Em 2001 já era possível se estimar que aproximadamente 2000 mesiteros trabalhavam nas ruas da cidade. Estes trabalhadores tem a necessidade de diariamente produzir um espaço onde as vendas possam ser realizadas.
A impressão que fica logo no primeiro olhar da paisagem é de um lugar caótico, inseguro e sem regras. O trânsito parece não ter leis, com pessoas andando de um lado para o outro, fazendo conversões em locais inapropriados, pessoas de moto sem capacete, vans com portas semi-abertas. O comércio parece não ter qualquer fiscalização, com a presença de muitos mesiteros e vendedores ambulantes, sendo que alguns deles tratam-se de crianças, vendendo itens sem nota fiscal, itens falsificados, além da presença de pessoas vendendo drogas, armas e oferecendo até mesmo mulheres caracterizando um local com alto índice de tráfico de drogas e prostituição.

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 10. Ciudad del Leste-PY

Museu da Terra Guarani
           Em Ciudad Del Leste após passarmos pela Ponte Internacional da Amizade seguimos em uma Van local em péssimas condições fomos até o Museu da Terra Guarani.
 Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 11. Alunos e professor na Van em Ciudad del Leste

O Museu da Terra Guarani está localizado no município de Hernandarias a 10km de Ciudad Del Leste. Foi inaugurado em 1979 e trata-se de um instrumento da Usina Binacional de Itaipu para a educação ambiental, preservação e promoção do patrimônio cultural e natural da região onde foi construída esta Usina. Nele estão preservados e expostos animais e materiais encontrados no entorno. Também são apresentados aspectos da cultura do povo guarani por meio de recursos de informática e linguagem multimídia. (USINA BINACIONAL DE ITAIPU, 2013).

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 12. Placa fotografada dentro do zoológico do Museu da Terra Guarani.

A exposição que presenciamos no Museu retratava a historia dos índios naquela região, sendo que, diferentes culturas povoaram o Paraguai ocupando as bacias do Rio Paraná, Paraguai e Uruguai a partir de 10.000 AP. É interessante destacar que a maneira de compreender o mundo formado dentro do povo Guarani ocorria através da experiência de viver na floresta. Eles desenvolveram uma agricultura ecologicamente perfeita, completada pela caça e a coleta. Eles não eram nômades, aprenderam ficar num lugar da floresta até que a terra não fosse mais produtiva, podendo retornar ali depois de aproximadamente 40 anos, quando esta parte da floresta estivesse totalmente reconstituída.

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 13. Imagem dos índios guaranis em uma das gravuras expostas no Museu da Terra Guarani.

É perceptível que esta maneira de pensar não foi continuada pelos outros povos que habitavam o local, pois, ele é totalmente urbanizado e caótico, o que demonstra que não há um cuidado com o meio ambiente de maneira geral. Além disso, estes povos também foram retirados do local em que viviam e muitos atualmente vivem marginalizados. São poucos os espaços em que estes podem viver em contato direto com a floresta, o que modificou totalmente a vida dos mesmos.
Além dessas informações, o museu também mostra como esses povos chegaram ali, como Colombo descobriu a América, as novas rotas comerciais, a espacialização dos índios, etc. O museu é interessante, porém meio cansativo, pois há uma grande quantidade de textos (Figura 14), uma vez que houvessem mais ilustrações ficaria de mais fácil compreensão e melhor para se contextualizar.

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
 
Figura 14. Imagens da parte interna do Museu.

            No museu também visitamos o zoológico, onde se encontram animais de diversas espécies resgatados durante a construção da Usina, alguns encontrados nas proximidades do museu e também animais que foram resgatados de locais inapropriados para sua criação.
            Ainda que haja uma tentativa do museu de dar um destino melhor para estes animais, a situação em que muitos deles se encontram parece precária. Vimos animais de grande porte em espaços muito pequenos, onde certamente não há espaço para se exercitarem como sua espécie carece. Há também animais que pareciam estar com fome, e alguns animais de espécies diferentes, sendo que um era predador do outro, que ficavam num mesmo local.
            Apesar de ficarmos um pouco chocados com esta situação de alguns animais, também ficamos maravilhados com a beleza dos animais de estavam ali, muitos que nunca havíamos visto assim tão de perto, como onças, jacarés, pumas, cobras, etc.

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 15. Animais fotografados no Zoológico do Museu da Terra Guarani.

            Após a visita ao Museu voltamos à Cidade Del Leste com o objetivo de realizar mais um parte importante deste trabalho de campo: a análise das condições urbanas e ambientais das quadras próximas á Ponte Internacional da amizade, onde está concentrada a zona de livre comércio.

ANÁLISE DAS QUADRAS – Grupo 6
            As quadras que o nosso grupo ficou responsável pela análise corresponde ao grupo 6, que contempla 3 quadras de Ciudad Del Leste que ficam entre a Av. Adrian Jará e a R. Pa’i Perez e a Av. Pioneiros Del Leste* à Rua Calle Boqueron. Como podem ser identificadas na figura 16 estas quadras estão a cerca de 3 km da Ponte Internacional da Amizade e por este motivo tem características diferentes daquelas mais próximas, como um menor fluxo de pessoas e com comércios de variedades diferentes, além de conter alguns hotéis e restaurantes.  
Fonte: Google Maps. Adaptado por Luana de Oliveira.
Figura 16. Localização das quadras de análise em relação à Ponte Internacional da Amizade.

            A primeira análise em relação às nossas quadras diz respeito ao nome da Avenida que iniciamos o trabalho de observação. No mapa o nome da Avenida estava colocado como ‘General Bernardino Caballero’, já ao chegarmos ao local as placas indicavam ser aquela a Av. Pioneiros Del Leste. (Figura 17).

Fonte: BALESTRI, Camila.
Figura 17. Placas indicando o nome das ruas.

            Assim como nas outras quadras pelas quais já tinham passado desde que passamos pela ponte, vimos ali vendedores das ruas vendendo alimentos e mesiteros oferecendo principalmente roupas e calçados. (figura 18), no entanto estes eram em bem menor quantidade.  Em alguns lugares era possível visualizar calçadas totalmente livres, o que dificilmente é visto nas quadras próximas a ponte.

Fonte: BALESTRI, Camila.
Figura 18. Vendedores ambulantes e mesiteiros avistados na Rua Pampliega- Cidade Del Leste/PY

            Em relação aos tipos de comércio também notamos particularidades nas quadras em questão, isso porque tratava-se de comércios mais calmos, sem tanto fluxo de pessoas, inclusive comércios mais comuns a outras cidades como óticas, joalherias e livrarias. Também vimos uma loja de artigos esportivos que se mostrava diferenciada das outras, isso porque a estrutura física e aparência desta loja era melhor.
            Também identificamos um grande setor de serviços nesta quadras, com diversos restaurantes, hotéis, casas de câmbio, um cassino e até uma clínica odontológica e outra oftalmológica.
Figura 19. Restaurante localizado na Rua Calle Boqueron- Ciudad Del Leste/PY

 Fonte: http://www.executivehotel.com.py/
Figura 20. Hotel e Cassino localizados na esquina entre a Av. Adrian Jará e a R. Curupayty.

            Nesta área da cidade também nos deparamos com um centro comercial, chamado Globo Center, neste local havia diversos tipos de comércio, desde clínicas, como pode ser visto no destaque da figura 21, lojas de cosméticos, restaurantes e também casas de câmbio.

Fonte: BALESTRI, Camila.
Figura 21. Centro Comercial “Global Center”.

            Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 22. À esquerda: Shopping Mirage. À direita: Confeitaria dentro do Shopping.
           
O shopping Mirage foi outro ponto nesta área que nos chamou muito a atenção. Isso porque o shopping era bastante organizado e com dois ótimos locais para alimentação, um restaurante e uma confeitaria (Figura 22). Além disso, no local há uma agencia de turismo, livraria e algumas lojas de cosméticos e vestuário.
            Com relação à infraestrutura sanitária destas quadras observamos que há água encanada (Figura 23), porém segundo alguns vendedores das lojas no local, não há presença de rede de esgoto. Encontramos também galerias pluviais situadas nas calçadas. (Figura 23)

Fonte: BALESTRI, Camila.
 Figura 23. Infraestruturas encontradas na área.

            Outra diferença entre estas quadras analisadas em relação às quadras mais próximas a ponte, é em relação ao lixo. Isso porque apesar de termos observado a presença de lixo nesta área, esta é menor do que foi a que foi vista nos outros locais. Foi observada também a presença de lixeiras nas calçadas e também lixo logo ao lado destas lixeiras o que representa uma grande falta de consciência ambiental. (Figura 24).

Fonte: BALESTRI, Camila.
Figura 24. Presença de lixo ao lado de uma lixeira na calçada.

            Também se identificou a ausência da consciência coletiva, uma vez que observamos a presença de uma moto estacionada na calçada logo ao lado de um estacionamento próprio para motos. (Figura 25).

Fonte: BALESTRI, Camila.
Figura 25. Moto estacionada na calçada.

            Nas quadras analisadas identificamos a presença de calçadas e meio fio em todas. No que se refere à permeabilidade do solo, percebeu-se que está área está praticamente toda impermeabiliza com asfaltos, inclusive em péssimas condições (Figura 26) e construções. Em algumas calçadas vimos a presença de alguns canteiros com árvores de médio porte. (Figura 27).

Fonte: BALESTRI, Camila.
Figura 26. Buraco no asfalto com presença de água parada e lixo.

Fonte: BALESTRI, Camila

Figura 27. Presença de árvores na calçada.

            Em relação às ruas, todas têm em média 8 metros de largura, a sinalização existe em todas elas, porém na maioria a sinalização horizontal (pinturas) está desbotada e de difícil visualização. O trânsito é um pouco mais calmo e organizado do que nas vias próximas a Ponte Internacional da Amizade, no entanto ainda é muito mais caótico e diferente da nossa realidade londrinense.

Argentina – Puerto Iguazu
Para finalizar o trabalho de campo, no domingo (9 de junho de 2013) com saída do hotel as 8h30min da manhã fizemos uma visita a cidade argentina Puerto Iguazu. Ao chegar na Aduana, fronteira entre Argentina e Brasil, já se percebe uma dinâmica diferente do que encontramos no Paraguai. O local é estritamente organizado, sendo que é estritamente necessário a apresentação de documento de  identidade para entrar e sair do país. Para explicar melhor esta dinâmica, Correa salienta que

Diferenças de padrão monetário, regime político, etnias, língua e religião levam a que, em certos pontos da fronteira, estabeleçam-se postos de controle daquilo que atravessa de um lado para o outro. Nesses postos estabelece-se um conjunto de atividades em torno das quais se desenvolve uma cidade. Ela pode agregar outras funções, mas a de posto fronteiriço tende a ser muito importante. Sua área de influência tende a ser ampla, incluindo pelo menos dois países. E de modo corrente, há uma outra cidade do outro lado da fronteira que, de certo modo, cumpre papel semelhante. (CORREA, 2004).
  
A cidade de Puerto Iguazu tem uma organização que fica explicita na Figura 28. As ruas são limpas e tem um aspecto extremamente diferente do que foi visto no Paraguai, ou seja, não há comercio nas calçadas, o trânsito não é caótico e não há a presença de mesiteros. Apesar a visita ter ocorrido em um domingo e devido a isso diversas lojas estavam fechadas, foi possível ter contato com algumas delas a partir da visita na feira que acontece aos domingos. Em sua grande maioria, encontramos produtos como azeitonas, queijos, vinhos, doce de leite à preços bastante acessíveis. Da mesma forma que no Paraguai, deve-se destacar a presença de brasileiros em Puerto Iguazu. O mercado, as lojas também recebem em real.

Fonte: BERTINI, Isabelle Teixeira.
Figura 28. Cidade de Puerto Iguazu.         Figura 29. Feirinha de Puerto Iguazu.

Shopping Duty Free
              A útlima parada do trabalho de campo aconteceu ao retornarmos na fronteira entre o Brasil e a Argentina, no Shopping Duty Free (Figura 30). Apesar de também existir o comércio na fronteira, este possui uma dinâmica totalmente diferente do comercio popular paraguaio. Ele é bastante organizado e bem mais elitizado. Na Duty Free não é possível entrar com seus pertences pessoais, eles são lacrados em uma bolsa, evitando desta forma qualquer tipo de furto. Pode-se encontrar na loja roupas, bebidas, cosméticos, eletrônicos etc. Além disso, os preços dos produtos são menos acessíveis.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF9qs7We-L90O-VzVdd4V5Q50Bafzw3G25bvvV0Kj3_k3P1NElLN6Zyb4voPbTimCPbtz2ftd7cj50hlQQfgP5c23gccFkJ35gJFtHCJ0UnP_PT4EALSSoyHWpduVNSQhNXP5A0VkhgMT2/s1600/dutyfree.jpg 
Figura 30. Shopping Duty Free

Ao pensarmos no que foi visto no trabalho de campo, a relação e o fluxo de pessoas encontrado na tríplice fronteira é intenso, assim como  as diferenças entre as três cidades visitadas, Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad Del Este (Paraguai) e Puerto Iguazu (Argentina). Neste viés, se torna “pertinente pensar a fronteira também como forma diferenciada de organização territorial daquela da lógica capitalista, pois a fronteira constitui um recorte analítico e espacial de diversas realidades sociais, políticas, econômicas e culturais.” (SOUZA, 2009, p. 105).

Conclusão
            Em três dias de trabalho de campo estivemos em três cidades, três países, três fronteiras. Entre diversas culturas e povos utilizamos 4 moedas, vimos inúmeras e diversas paisagens e o resultado desta soma não poderia ser diferente: uma bagagem enorme que quase não coube na mala, mas  coube na memória.
            A tríplice fronteira, muito mais simbólica do que física, nos levaram entender diversos aspectos geográficos tão estudados teoricamente e raramente vivenciados. Foram três realidades muito diversas, Foz do Iguaçu, Puerto Iguazu e Ciudad Del Leste, analisadas num espaço de tempo bem pequeno o que nos leva a fazer comparações entre elas.
            A começar pela Ciudad Del Leste, foi possível observar que apesar de este ser um local com uma grande movimentação de capital, mercadorias e pessoas, o meio técnico cientifico informacional não está tão presente. Podemos utilizar a terminologia de Santos (2006?) para fazermos comparações entre os fluxos e os fixos. Nesta localidade os fluxos estão muito mais presentes em relação aos fixos. Isso porque quando analisamos os fixos, como por exemplo, a infraestrutura de Ciudad Del Leste, vemos que estes tem condições bastante precárias, e em contraposição, vemos os montantes financeiros que são movimentados no local, os fluxos, e estes parecem não ter integração.
            Isso indica que em Ciudad Del leste, em especial nas proximidades da Ponte Internacional da Amizade, acontece o uso do território sem que as relações que são realizadas sobre este venham se consolidar sobre o território de modo a trazer benefícios para o lugar.  
            Em Puerto Iguazu a dinâmica parece um pouco diferente. Lá vimos que esta é uma cidade com grande potencial turístico não só por sua beleza história e acolhedora, mas também pela sua Zona Franca, o Duty Free. Por isso, assim como Ciudad Del Leste, nesta cidade também há um fluxo de pessoas, mercadorias e capital bastante significativo, no entanto suas estruturas físicas, os fixos, parecem ser mais influenciadas pelos fluxos que ali ocorrem. Há também que se dizer que na cidade Argentina há um maior cuidado com os fluxos que circulam o que muito se diferencia de Ciudad Del Leste.
            Na cidade paranaense, Foz do Iguaçu, apesar de termos tido apenas as noites para conhecê-la, foi possível identificar sua relação com as fronteiras que estão à sua volta, além da presença expressiva da Usina Binacional de Itaipu na sua dinâmica. O que a caracteriza por uma cidade com um fluxo grande de turistas que reflete um em forte setor de serviços.
            De modo geral, o que se vê nesta região onde estão localizadas e praticamente diluídas estas três cidades, que vistas de cima poderiam ser confundias em só, é uma área quase que totalmente modificada pelo homem, onde reinam as relações capitalistas que dão forma ao espaço. Entre elas acontece diariamente um fluxo intenso de pessoas que pode se caracterizado por um processo de conurbação consolidado. Em contrapartida, quando analisadas separadamente pode-se identificar as particularidades de cada uma delas e o sentimento de pertencimento de seu povo com sua nação.
            Nesse sentido este trabalho veio de encontro com as teorias que vem sendo estudadas nos nossos quatro anos de graduação e com isso sua importância se justifica, elucidando dúvidas e gerando outras, trazendo à tona as realidades tão diversas existentes no espaço geográfico.
  

Referências Bibliográficas


BACCARIN, M. Caderneta de campo. 2013.

BERTINI, I. T. Caderneta de campo. 2013.

CARNEIRO FILHO, C. P.  Tríplice Fronteira Brasil-Argentina-Paraguai: transfronteirização através do crime. Relações Internacionais no Mundo Atual, v. 2, p. 1-121, 2012.

CORRÊA, Roberto L. Posição geográfica de cidades. In: Revista Cidades. V. 1, n. 2, 2004. pp. 317-323.

FUNAG- Ministério das relações exteriores: Segurança na região da tríplice fronteira. Centro Universitário de Belo Horizonte, 2009. Disponível em: http://blogs.unibh.br/wpmu/relacoesinternacionais/files/2009/05/guia-4-seguranca-na-regiao-da-triplice-fronteira.pdf. Acesso em: 18 Jun. 2013.

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RABOSSI, F. . Dimensões da espacialização das trocas - a proposito de mesiteros e sacoleiros em Ciudad del Este. Ideação (Cascavel), Foz do Iguaçu, v. 6, n.6, p. 151-176, 2004.

RIBEIRO, L. P. Zonas de Fronteira Internacionais na Atualidade: Uma discussão. Rio de janeiro: Grupo RETIS- UFRJ, 2002. Disponível em: < http://www.igeo.ufrj.br/fronteiras/pdf/LETICIA.pdf >. Acesso em:                                          18 Jun. 2013.

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 SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: Território e Sociedade no início do século 21. Rio de Janeiro: Record, 2001.
  
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________. O retorno do território. In: Santos, M.; Silveira, M. L. Souza, M. A. (orgs.) Território – Globalização e Fragmentação. São Paulo, Hucitec/Anpur, 1994.

 SEGURANÇA NACIONAL - Tríplice fronteira põe América Latina na guerra contra o terror, 2011. Disponível em: <http://jardimgrandearora.blogspot.com.br/2011/08/triplice-fronteira-poe-america-latina.html>. Acesso em: 18 Jun. 2013.

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SOUZA, E. B. C.  Tríplice fronteira: fluxos da região Oeste do Paraná com o Paraguai e Argentina. Terr@ plural (UEPG. Online), v. 3, p. 103/1-116, 2009

USINA BINACIONAL DE ITAIPU. Museu da terra Guarani. Disponível em: <http://www.itaipu.gov.br/meioambiente/museu-da-terra-guarani>. Acesso em 27 de junho de 2013.

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