CENTRO DE CIÊNCIAS
EXATAS
DEPARTAMENTO DE
GEOCIÊNCIAS
DJAUARA GOULART
LAÍS THEREZA LEVY GIOVANETI
NATALIA MOREIRA PETRI
RELATÓRIO DE CAMPO:
TRIPLÍCE FRONTEIRA
BRASIL – PARAGUAI- ARGENTINA
LONDRINA
2013
O presente trabalho tem como propósito relatar o
trabalho de campo desenvolvido nos dias 07, 08 e 09 de junho pela turma do 4º
ano de Geografia da Universidade Estadual de Londrina na região da tríplice
fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, a fim de consubstanciar a
teoria aprendida na disciplina de Geografia do Brasil em conjunto com a
disciplina de Recursos Naturais e Educação Ambiental, sob a orientação da
professora Márcia Siqueira de Carvalho e do professor Carlos Alberto Hirata.
Para isso, o roteiro seguido pela turma partiu da cidade de Londrina, no dia 07
de junho de 2013 às 6:00 hrs rumo à Foz do Iguaçu, que fica a aproximadamente
500 km da cidade de origem e faz fronteira com a cidade argentina de Puerto
Iguazu e a paraguaia, Ciudad del Este.
Mapa 1:
Localização da tríplice fronteira entre o Brasil, Argentina e Paraguai.
Fonte: Fonte: Secretaria do Governo Argentino
(2007); Instituto Militar e Geográfico do Paraguai; IBGE (2001) apud GOMES,
2008.
No roteiro, elaborado pelos professores, a turma pode
primeiramente conhecer as Cataratas do Iguaçu localizada no Parque Nacional do
Iguaçu, no período da tarde do dia 7, quando chegaram ao destino,
aproximadamente às 14:30. A visita pode proporcionar o reconhecimento das
relações econômicas que envolvem as visitas turísticas e ambientais na área de
preservação e um primeiro contato com a região de tríplice fronteira.
O Parque tornou-se Patrimônio Mundial pela UNESCO como
Patrimônio Natural da Humanidade. As cataratas se encontram sobre o Rio Iguaçu
e recebem anualmente um grande contingente de turistas que movimentam a
economia da região além de contar com a produção de energia (Usina hidrelétrica
de Itaipu) na sua dinâmica econômica. As Cataratas se apresentam na região do
Parque Nacional do Iguaçu que tem como intuito preservar o restante da fauna e
da flora presente no entorno além de proporcionar conscientização ambiental em
relação ao despejo de lixo no rio Iguaçu.
Foto 1: Artefato
construído com material recolhido no rio Iguaçu. Do lado, são exibidos painéis
com imagens do resgate de lixo no rio e a importância da preservação ambiental.
No dia
08/06, no período da manhã, a turma seguiu rumo à Usina Hidrelétrica Binacional
de Itaipu, pertencente ao Brasil e Paraguai para observar a usina e também
assistir a um curta metragem que contava a história de construção e também as
atuais ações ambientais praticadas na sua área de influência. O começo de sua
construção foi em 1973 quando os dois países firmaram um tratado confirmando a
construção de Itaipu. Em 1975 as obras do canteiro e da barragem foram
iniciadas, visando o desvio do leito do rio Paraná. O rio Paraná é uma das
maiores reservadas de água doce do mundo e o décimo em quantidade de água. Em
1978 começou a ser construído um dos blocos da barragem principal e em 1979
teve a construção da casa de força. Em 1982 é formado o reservatório e chega a
primeira roda da turbina. Já em 1984 a primeira unidade geradora é ligada. Com
18 unidades geradoras de energia em 1991 foram concluídas as obras da usina.
Uma obra faraônica, necessária ao progresso do país, mas que ao mesmo tempo
deixou marcas sociais, ambientais e econômicas em muitos municípios devido ao
enorme impacto de criação do lago que tomou uma área imensa de terras
agricultáveis que tinham comunidades humanas e silvestres que tiveram de ser
resgatadas e transferidas à outros locais.
A Itaipu
é considerada uma das 7 maravilhas da engenharia moderna do mundo. São 20
unidades geradoras (em 2007 foram instaladas as ultimas duas) que fornecem 17%
da energia consumida no Brasil e 75% da energia consumida no Paraguai. É,
portanto, a primeira em produção de energia no mundo. A Itaipu faz
investimentos em pesquisas em escolas, universidades e empresas; possui alguns
programas de responsabilidade social, como o programa força voluntaria a qual
luta contra a exploração sexual e infantil, o programa energia voluntaria, o
programa rede cidadã, o programa água boa, entre outros. Pode-se ainda encontrar
na usina o polo astronômico, o ecomuseu, o refugio biológico, sendo mais
algumas opções de atração para os turistas que visitam a usina, chegando a mais
de 500 mil pessoas por ano.
Atualmente, o turismo e a geração de energia elétrica
são as principais fontes de renda de Foz de Iguaçu, sendo de grande importância
para à economia do município e da região.
Foto 2: Barragem
da Usina Binacional de Itaipu.
Com a construção da usina, a cidade de Foz do Iguaçu
passa a ter um crescimento exponencial da população que ia em busca de trabalho
na construção, muitas vezes se mudando para o município com toda a família.
Esse crescimento acelerado de Foz trouxe também a necessidade de crescimento do
município em relação à infraestrutura para atender toda a demanda crescente da
região, fato este que contribuiu no aumento das relações entre o Brasil e o
Paraguai, mais especificamente Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, devido a
proximidade territorial. (RABOSSI, 2004)
O município de Foz conta hoje com uma boa infra-estrutura
urbana, com ruas organizadas (na parte visitada), largas e avenidas que
facilitam o transito além de possuir uma boa infra-estrutura sanitária, com
rede coletora de esgoto e rede de abastecimento de água. A área urbana é
relativamente bem arborizada, com calçadas bem construídas e estabelecimentos
comerciais que atendem aos turistas que se hospedam na cidade devido a
proximidade entre o Paraguai e a Argentina.
No mesmo dia (8/06), no período da tarde, a turma se
dirigiu à Ponte da Amizade em direção à Ciudad del Este. No Paraguai o primeiro
lugar visitado foi o zoológico mantido pelo Parque do Iguaçu e o museu da terra
Guarani para entender um pouco mais da cultura do povo paraguaio. Foi observado
que os primeiro habitantes do Paraguai não foram os Guaranis, pois essa cultura
começou sua expansão há cerca de 3000 anos, chegando à região da bacia do
Paraguai e Paraná por volta de 1100 anos atrás. A distribuição dos Guaranis
cobriu boa parte do leste da América do Sul, principalmente, na Bacia do Prata.
No século XVI, deu-se o boom demográfico, chegando a 200 milhões de pessoas. Os
Guaranis não são nômades e desenvolveram uma agricultura “ecologicamente
correta”, complementada pela caça e coleta. Sua agricultura era considerada
correta porque aprenderam a ficam em um lugar até que a terra não fosse mais
produtiva, mudando-se para retornar ao mesmo lugar 40 anos depois, quando a
floresta já estivesse reconstituída. Após este reconhecimento, o grupo seguiu
em direção ao estudo propriamente dito da Ciudad del Este, feita através da
identificação das quadras no centro comercial da cidade que será tratada com
maior detalhes mais adiante.
Foto 3: Mulheres da tribo Guarani (Museu de Hernandarias) Foto 4: Museu do povo Guarani.
No último dia de campo
(09/06) fomos logo de manhã, por volta das 8:30h para Puerto Iguazu, uma cidade da província de Missiones na Argentina. A cidade é a menor das três que compõem a
tríplice fronteira e em 2001 sua população era de 31.515 habitantes. A base econômica de Puerto Iguazu é a atividade turística
que recebe pessoas em busca de produtos locais e devido a proximidade das Cataratas; portanto
o setor hoteleiro da cidade se desenvolveu muito e atualmente há construções de
hotéis que buscam valorizar a experiência do turista com as margens do rio
Iguaçu.
Foi realizada uma rápida visita à
cidade a fim de verificar a mudança de cenário em relação às outras duas
cidades. Por ser um domingo a cidade estava bastante silenciosa e vazia, porém
apesar disso foi possível perceber que a cidade possui uma dinâmica muito
diferenciada com relação às outras duas cidades. Não havia a desorganização e
sujeira (causada pelo grande fluxo de pessoas) que pode ser observada em Ciudad
Del Este, e nem características de uma cidade grande como em Foz do Iguaçu.
A visita na feirinha
da cidade que vendia produtos locais, característicos da Argentina como
azeitonas, vinhos e queijos estava muito vazia pelo fato de ser domingo e de
manhã com muitos estabelecimentos fechados, seguimos em direção ao Duty-Free o
qual é um shopping que geralmente se encontra em áreas portuárias ou em salões
de aeroportos. Na Argentina esse shopping se encontra na divisa entre a cidade
brasileira de Foz do Iguaçu e a cidade argentina de Puerto Iguazu. A principal
característica dessa loja é que ela é uma zona franca e os produtos que lá são
vendidos possuem isenção ou redução de impostos. São os mais variados tipos de
produtos que são comercializados no local, todos eles são produtos de marcas
conhecidas no mundo todo e possuem preços bem mais acessíveis. A cidade
argentina se difere das outras duas cidades fronteiriças, enquanto Ciudad Del
Este é uma cidade grande para os padrões paraguaios e Foz do Iguaçu uma cidade
média para os padrões brasileiros, Puerto Iguazu é uma pequena cidade, com
características de comércio bem diferentes das outras duas.
Foto 5 e 6:
área comercial e turística de Puerto Iguazu.
2)
PARTE
TEÓRICA
O entendimento do conceito de território não é
exclusivo da ciência geográfica, portanto possui diferentes significados
dependendo das categorias de análise que o envolvem. Na ciência geográfica o
conceito está atrelado às concepções de nação, fronteira, Estado que por
conseguinte envolvem relações de poder em um espaço definido e delimitado que
para Milton Santos (2006) significa o espaço ocupado e usado, de diversas
formas através dos sistemas de engenharia capazes de integrar o espaço e
consolidar o território, na medida em que eles criam condições de relações e
fluxos entre elementos materiais e imateriais (SAQUET, 2007) em diferentes
espaços e regiões, conectados através da
infraestrutura e sistemas informacionais. Na Brasil, devido a sua grande
extensão territorial, a integração do território nacional só foi possível
mediante a aplicação de políticas públicas preocupadas com a ligação entre
diferentes regiões, como afirma Andrade (1995), condicionadas através da
abertura de estradas e com o incentivo por parte do governo, da ocupação do
oeste do país no sentido de haver uma maior ocupação na fronteira com outros
países, pois desde a colonização e até o século XX a ocupação se concentrava no
litoral e próximo a ele devido ao fato de a economia ser quase que inteiramente
voltada ao mercado externo e de exportação da matéria prima. Porém, como afirma
Milton Santos (2006) essa integração política e também econômica gerou
diferenciações regionais no desenvolvimento da divisão do trabalho e das
funções de cada região, ritmada pela ordem do mercado que acaba criando
distinções entre espaços e territórios.
O conceito de fronteira pode ser entendido como uma
posição geográfica que define o começo e o fim de um de um território. A
fronteira internacional é complexa,
pois se faz pela territorialização de grupos humanos e de redes de circulação e intercâmbio, unidos pela permeabilidade dos limites estatais através da comunicação entre populações pertencentes a diferentes sistemas de poder territorial. (MACHADO, 2007, p. 63)
Santos e Silveira(2006) fazem uma afirmação em
relação ao território brasileiro que podem ser aplicadas às três cidades de fronteira que foram visitadas
no trabalho de campo, pois o mercado é o grande orientador da aplicação dos
recursos para a criação de infra-estruturas, serviços e nas formas de organização
do trabalho que são voltadas para o comércio exterior, ou para o turismo,
gerando assim uma regulação do território através do mercado e não só política.
3) HISTÓRIA DA REGIÃO
a. Período Missioneiro
Antes da chegada de portugueses e espanhóis, a região
que compreende o sul do Brasil, o Paraguai e a Argentina eram ocupados pela
população de índios Guarani. Esta que tinha desenvolvido técnicas de plantio e
tinham desenvolvido toda uma cultura e religiosidade próprias.
Esses povos eram independentes e dominavam a região,
no entanto com a chegada de espanhóis e portugueses na América, houve uma
submissão desses povos com relação aos colonizadores. A principal forma de
domínio desse povo por parte dos colonizadores se deu pelas missões jesuíticas,
que entravam no convívio dessa população e procurava catequizá-los para
torna-los subjugados à Igreja católica e suas vontades.
A região era de difícil acesso e não havia população
suficiente para ocupar todo o território que compreendia a colônia portuguesa,
nem a colônia espanhola. É neste sentido que além de ter sua função
catequizadora, os jesuítas também foram de grande auxilio para a demarcação
territorial das fronteiras entre o mundo português e o espanhol. Sendo assim
muitas das reduções jesuíticas eram encontradas na região fronteiriça.
Apesar de uma grande resistência dos guaranis no
início das missões jesuíticas e do ataque constante de bandeirantes às
reduções, o período missioneiro veio a se consolidar e foram criadas sete
reduções jesuíticas no sul do Brasil. Depois de instauradas as reduções e com
um processo intenso de mudança de valores de caráter “civilizatório” finalmente
os jesuítas conseguiram imprimir sua crença aos povos guaranis (apesar destes
nunca terem abandonado suas crenças pré-coloniais).
A decadência dos 7 povos e das reduções jesuíticas se
deu por conta da instabilidade na fronteira entre as colônias portuguesas e
espanholas. Acordos fizeram com que os habitantes das reduções jesuíticas
tivessem que abandonar seu território e passar para o domínio espanhol. Os
guaranis não gostaram de ter que deixar suas terras e resistiram, e teve início
a guerra guaranítica. No entanto jesuítas e guaranis não foram capazes de fazer
frente ao exército das potências ibéricas e foram derrotados, dando fim aos
sete povos missioneiros.
b. Fundação da Colônia Militar
A região onde se encontra o oeste paranaense era
praticamente esquecida pelas autoridades brasileiras até o final do século XIX,
havendo até então somente a presença de povos nativos. O local era tomado pela
mata e não existia nenhuma infra-estrutura que ligasse a região com o resto do
estado. A existência de fatores físicos, como o rio Paraná, que fortalecia a
fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai fazia com que os governantes não
dessem muita importância para o local, onde o acesso era de extrema
dificuldade.
Ao longo do século XIX foram feitos acordos entre os
três países que permitiam a navegabilidade pelo rio Paraná ao longo da tríplice
fronteira. Este fato facilitou o acesso de argentinos e paraguaios no oeste do
estado e em pouco tempo trabalhadores dos países vizinhos transformaram o local
em alvo de contrabando de madeira e exploração da erva mate. O Brasil que ainda
não havia tomado nenhuma medida de ocupação e fiscalização da região, não tinha
como controlar o processo de extração de riquezas que ocorria no local.
As frentes de extração da erva mate vinham
principalmente da Argentina, e funcionava no sistema de obrage, que eram
propriedades de extração onde geralmente os donos eram argentinos e os
trabalhadores paraguaios. Sobre o assunto Wachowicz, 2010 coloca que:
Esse tipo de exploração penetrou no Estado do Paraná no final do século passado, com a frente extrativa da erva mate procedente da Argentina. A partir de 1881, esse tipo de extração já existia nas margens do rio Paraná, a montante de Foz do Iguaçu. Como no oeste paranaense na havia presença brasileira nem fiscalização, o sistema das obrages desenvolveu-se na região. (WACHOWICZ, 2010, p. 277)
Na tentativa de reverter a situação, as autoridades
brasileiras ,em 1988, resolveram agir para tomar o controle do local que estava
sendo fortemente explorado por empresas dos países fronteiriços. Foi então que
se criou a iniciativa de realizar a construção de estradas e infra-estruturas
que permitissem o acesso e o controle efetivo da região.
Em 1889 a frente militar que se encaminhava em
direção a fronteira guarani chegou a Foz do Iguaçu e foi fundada e Colônia
Militar de Foz do Iguaçu. O local não se encontrava desabitado, existia uma
pequena população no local porém essa era de maioria paraguaia e argentina.
As autoridades ficaram impressionadas com a população
que ali vivia no entanto seu principal objetivo era retomar o controle da
região e para isso era importante:
Controlar toda a produção envolvendo o corte da madeira e o
cultivo da erva mate foi no primeiro momento a maior prioridade; ao passo que
estabelecer um efetivo povoamento da fronteira exigia a criação de um projeto
social e político para toda a região, o que demandaria muitos anos de
planejamento brasileiro. (ROSEIRA, 2006, p. 39)
Apesar de estar centrado na fiscalização dos produtos
que saiam do país e da exploração da madeira e erva mate, o governo buscava
também iniciar um povoamento, que tivesse por base uma produção de
subsistência. No entanto a possibilidade de exploração da madeira e cultivo da
erva mate e a proximidade com o mercado de exportação não permitiu que a
colonização do local se desse da forma como pretendiam os militares.
Devido às condições parcas de infra-estrutura e pouca
ligação com o restante do Paraná, a população do local se tornou fortemente dependente
de seus países vizinhos e a economia local se baseou durante muito tempo na
extração dos recursos naturais que estavam disponíveis no local.
c. Exploração da Erva mate
O sistema de produção agrícola e pastoril que se
tentou implantar na região fronteiriça não foi para frente devido aos problemas
de acesso a região. Sendo assim principal atividade econômica que regeu a
região do oeste paranaense no fim do século XIX e início do XX foi a exploração
dos bens naturais que a região possuía.
A proximidade com o mercado exportador gerou uma
interdependência que favorecia tanto aos exploradores presentes na região, como
aos países vizinhos que necessitavam desta matéria prima. Todo esse processo gerou
uma organização do território local, e o estado brasileiro por não conseguir
efetivamente proporcionar uma infra-estrutura
[...] passou a estimular a permanência do binômio mate-madeira. No Inicio do século XX, o mesmo tempo em que estas atividades extrativistas exploravam os potenciais econômicos da área asseguravam relativamente ao governo brasileiro o domínio da Fronteira Guarani. Mesmo que isto custasse uma área economicamente muito atrelada à Argentina e ao Paraguai. (ROSEIRA, 2006, p.46)
Roseira (2006) ainda afirma que a exploração de
madeira e erva mate passou por três principais períodos, onde o primeiro ocorre
antes das missões estratégicas de ocupação do local, a atividade extrativista
era totalmente ilegal e havia um imenso contrabando desses produtos do Brasil para
a Argentina principalmente; o segundo período é demarcado pela presença do
governo brasileiro no local e a regulamentação e fiscalização desta atividade,
no entanto ainda se verificava uma grande presença e influencia guarani no local,
a língua falada era o espanhol e guarani e a moeda que circulava era o peso
argentino. E o terceiro momento foi a decadência do sistema de obrages, que
tinha suas bases na valorização da produção da erva mate nacional argentina,
dificultado assim a entrada do produto brasileiro. O período também se
caracterizou por uma maior rigidez do governo federal durante o Estado Novo com
relação a produção extrativista do local.
Finalmente após a decadência do sistema de Obrages:
[...] todas as políticas, tanto do governo federal quanto do governo estadual para a problemática Fronteira Guarani,seguiram a risca uma prática de controle territorial baseada nas relações entre população com recurso, pequena propriedade agrícola e circulação territorial. (Roseira 2006, p. 52)
d. Incorporação de terras pelo capital gaúcho.
Com a queda do sistema de obrages, o Estado Novo de
Getúlio Vargas procura promover uma recuperação do território que abrange a
região oeste e sudeste do Paraná. Naquela região havia um alto grau de desnacionalização,
a língua falada era o espanhol e o guarani, a moeda que circulava também não
era brasileira. As pessoas que ali viviam tinham muito mais contato com os
países vizinhos, do que efetivamente com o Estado do Paraná e com o Brasil.
O governo federal alegou que a área tinha importante
valor estratégico para o território nacional, e viabilizou uma marcha para o
oeste paranaense, tendo como principal intuito promover a expansão capitalista
em direção à locais pouco povoados (Roseira, 2006)
Sendo assim as autoridades nacionais buscaram retomar
as atividades que foram iniciadas no período da colona militar, e que acabaram
se perdendo por conta da impossibilidade de o governo realizar obras que
ligassem o local com o resto do país. Desta vez, no entanto, o governo tinha
outra perspectiva, diferente do período da colônia militar o Estado Novo juntou
forças com o capital privado nacional. Roseira (2006) coloca:
Os três aspectos levantados anteriormente; população com recurso, pequena propriedade agrícola e circulação teriam nesta relação os meios de sua realização. A junção desses três elementos pela associação entre Estado e capital privado seria pelas décadas seguintes a base para a consolidação geopolítica brasileira na bacia do Prata. (ROSEIRA, 2006, p. 55)
Várias empresas de capital privado nacional se
instalaram na região para realizar a colonização do local, a maioria dava
preferência para colonos de origem européia. No entanto assim como no período
de colônia militar, a falta de infra-estrutura acabou por atrapalhar os planos
do governo de ocupação da área.
Sendo assim várias empresas faliram no local, e só
houve prosperidade na ocupação da área quando o governo tomou uma atitude efetiva
de organização do espaço com a construção de escolas, hospitais e estradas.
A companhia colonizadora mais bem sucedida da região
tinha como característica principal a venda de lotes não muito grandes,
procurando respeitar a lei de terras vigente no país. Essa companhia focou seus
investimentos em colonos de outros estados da federação os quais, na sua grande
maioria, vinham do estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
Foi desta forma que se baseou a principal frente de
ocupação do oeste do Paraná, muitos migrantes vieram investir na região, e os
projetos de infra-estrutura coordenados pelo governo permitiram que estes
tivessem uma maior segurança ao comprar terras no local.
e. Itaipu.
A construção da Hidrelétrica de Itaipu causou grandes
modificações no ordenamento espacial da região Oeste do Paraná. As taxas de
urbanização dessa região sofreram grandes aumentos, e Roseira (2006) coloca que
isto tem base principalmente na modernização do campo e na construção da usina.
O lago de Itaipu varreu do mapa municípios inteiros,
assim como um grande numero de propriedades agrícolas que estavam na área. Este
fato corroborou para que, enquanto na década de 70 cerca de 50% da população
residisse no campo, nos anos 2000 a região contasse com uma taxa de urbanização
de aproximadamente 80%, podendo ser comparada com as taxas de urbanização do
norte do estado e da região metropolitana de Curitiba.
Além da alta taxa de urbanização que a região sofreu,
também houve um grande contingente de migrantes que se deslocaram para Foz do
Iguaçu por conta da construção de Itaipu. Com sua construção o turismo passou a
ser um ponto importantíssimo da economia local, que possuía as belezas naturais
como as Cataratas do Iguaçu e a grande construção realizada pelo homem que é a
Itaipu.
f. Fase Recente.
Muito embora a época das obrages tenha passado à
quase um século, e a região Oeste do Paraná tenha finalmente tomado a forma que
os governantes brasileiros desejavam, a área ainda é foco de grandes problemáticas
que tem bases solidificadas pelo mundo globalizado em que vivemos, onde as
informações e mercadorias têm um fluxo rápido e intenso.
A primeira questão a ser observada e que na
contemporaneidade tem chamado atenção tanto de países do MERCOSUL, como de
outros países da América, é a forte presença de árabes na tríplice fronteira.
Estima-se que a população árabe que ali vive esteja em torna de dez mil
pessoas, e há especulações de que uma parte desta população seja financiadora
de grupos terroristas do Oriente Médio.
A questão tomou uma proporção tão grande que as
autoridades dos Estados Unidos se pronunciaram a respeito dizendo que a
probabilidade de haver financiamento do terrorismo a partir da tríplice
fronteira é muito grande e que os países não têm possibilidade de combater algo
como isso. No entanto a comunidade árabe se pronuncia dizendo que tudo isto não
passa de um mito.
Mito ou não, a presença árabe não chega a ser uma
problema se comparada com a máfia e o crime organizado. A região sofre com a
máfia chinesa que aterroriza os comerciantes locais, assim como contrabandeiam
grandes volumes de produtos para as principais cidades brasileiras. O impacto
gerado por essa atividade é a quebra do comércio local brasileiro.
Em 2004 foram tomadas iniciativas junto com o governo
dos três países(Paraguai, Argentina e Brasil) e os EUA para tentar controlar o
contrabando na tríplice fronteira. No entanto os países não conseguem dar conta
do volume de pessoas que passam ali diariamente, por isso a atividade continua
ativa.
Sobre isso Roseira (2006) coloca:
O contrabando na fronteira e sua irradiação por meio do comércio ilegal a todo território brasileiro é também inegavelmente uma questão social. Este tipo de atividade é sustentado também pela existência de uma população às margens do alto nível de consumo imposto pelas grandes empresas, pelos meios de comunicação de massa e pela sociedade em geral. (ROSEIRA, 2006, p.153)
Desta forma percebemos que
apesar de o país ter recuperado a área de Foz do Iguaçu pra si ainda existem
muitos problemas envolvendo a região, problemas estes que deixam a população
local com uma grande sensação de insegurança. Além disso, as atividades
desenvolvidas no local têm impactos negativos sobre todo o território
nacional. Contrabando de mercadorias que
afeta o comércio nacional, o tráfico de drogas que movimenta esse tipo de
atividade ilícita e as máfias.
g.
Criação
da Zona Franca de Ciudad del Este
Ciudad Del Este (PY) se localiza no extremo oeste do
Paraguai, estando na fronteira com a cidade de Foz do Iguaçu (BR), onde o rio
Paraná define o limite territorial desses países. A primeira característica a
ser destacada de Ciudad Del Este é sua localização de fronteira internacional,
na qual se desenvolvem uma multiplicidade de fluxos (de mercadorias, pessoas,
capitais, informações) que convivem com diversas culturas provenientes de
vários lugares do mundo, resultando num lugar com especificidades e
peculiaridades próprias, dada as relações desenvolvidas serem mais complexas
por conta do seu caráter internacional.
Ciudad
Del Este foi fundada com o nome de Puerto Presidente Stroessner, em 1957, para receber
a rodovia que ligaria a região central do Paraguai com a costa atlântica
brasileira. Quando o presidente paraguaio Stroessner assume o poder, estabelece
uma política de relações com o Brasil, assinando os acordos de construção da
rodovia supracitada, para construção da ponte da Amizade sobre o rio Paraná, em
1965, e da construção de Itaipu na década de 70. Stroessner também investiu em
políticas de incentivos de importação de produtos (para venda na fronteira)
baseados nas baixas tarifas de impostos e concedeu facilidades para
comerciantes estrangeiros poderem se estabelecer na região.
A
construção da ponte da Amizade (1965) foi um atrativo que levou muitos
comerciantes à fronteira com a intenção de levar produtos brasileiros ao
Paraguai e foi nessa lógica que o comércio se desenvolveu na região. Assim, o
Paraguai passou a fazer o comércio de artigos importados e artigos típicos do
Paraguai. Com os baixos impostos cobrados (se comparado com os países vizinhos
Brasil e Argentina) por esses produtos no lado paraguaio, tornou-se um atrativo
comercial para brasileiros, argentinos e até mesmo para os turistas de todo o
mundo em passeio pelas Cataras do Iguaçu e Itaipu.
Em meados
dos anos 70 duas coisas contribuíram para transformações na região. A primeira
é a guerra no Oriente Médio que fez com que aumentasse muito o fluxo de
imigrantes árabes na tríplice fronteira e a construção da Itaipu, terminada em
1991, que resultou em mudanças demográficas e infraestruturas.
A partir
dessas transformações, o comércio cresceu (e continuou crescendo), a oferta de
produtos importados aumentou, entrando agora a produção asiática, como as de
Taiwan, China, Vietnã e Coreia.
No
entanto, nos anos 90 com a política de redução dos impostos para importação do
Brasil e Argentina, o Mercosul, a taxa cambial, as questões de segurança vem
contribuindo para lenta decadência do comércio da cidade, fazendo com que
muitos comerciantes emigrem para outros lugares.
Atualmente
Ciudad Del Este possui jornais locais, universidades, aeroporto internacional,
alguma infraestrutura urbana; é a segunda cidade do Paraguai em importância
demográfica e econômica. Em 2002 contava com uma população de 222.274 habitantes.
É reconhecida pelo seu comércio, e também é dona de parte da produção da energia
da Itaipu. Vale lembrar que mesmo em decadência ela continua sendo um dos mais
importantes centros comercias da América Latina.
h.
Zona
comercial de Ciudad del Este
O centro comercial de Ciudad Del Este está localizado
nas imediações da saída da Ponte da Amizade. Existe uma variedade de produtos
que são vendidos, desde os importados (nas ultimas décadas, principalmente, os
asiáticos) até os produtos de origem Paraguaia. A cidade conta com lojas,
galerias, shoppings, autoservices, importadoras, casas de cambio, vendedores de
rua, entre outros. Os tipos de produtos que podem ser encontrados são:
perfumes, eletrônicos em geral, roupas, artigos de tabacaria, brinquedos...
Os
comerciantes são de origens diversas, podendo encontrar árabes, chineses,
brasileiros, paraguaios, argentinos. A divisão social do trabalho esta dividida
entre os donos dos estabelecimentos, os vendedores, os ambulantes, os
mesiteros, os taxistas, os kombistas, os mototaxistas, os cambistas, os
guardas, os laranjas, etc.
Os
compradores são tanto os turistas que vieram visitar as Cataratas do Iguaçu
localizada na cidade de Foz do Iguaçu (Brasil) e Puerto Iguazu (Argentina),
como os sacoleiros (principalmente brasileiros) que vem com a intenção de
comprar para revender em sua cidade natal. O atrativo comercial do Paraguai
são, principalmente, os produtos importados por um preço mais baixo que dos
seus países vizinhos, por conta da sua baixa tarifa nos impostos. Assim, Ciudad
Del Este se tornou destino de milhares de compradores, sendo os sacoleiros os
que se destacam, pois esses compram para revender, sendo esse o seu meio de
sobreviver/trabalho.
4) Análise da quadra 1: Ciudad del Este
Mapa 3: Centro
comercial de Ciudad Del Este e separação das quadras para análise do campo.
Fonte: Google Maps.
Afim de haver um melhor reconhecimento da área comercial de Ciudad del Este, o trabalho foi dividido pela professora Márcia Siqueira em 10 quadras para análise sistemática das condições de infra-estrutura urbana, conforme ilustra a imagem acima, e o presente grupo ficou com a incumbência de analisar a quadra 1, que será descrita abaixo.
Na análise sobre a quadra 1 de Ciudad Del Este, compreendida
pela Avenida San Blás, Camilo Recalde, Coronel Toledo e Regimento Sauce, descobriu-se
que na cidade a água não é encanada, assim toda loja/casa tem que ter poço
artesiano para possuir água disponível. Nessa região também não há rede de
esgoto, portanto os imóveis possuem fossa e a limpeza/esvaziamento dessas vêm
caminhões contratados pela prefeitura que retiram os dejetos mensalmente. As
poucas lixeiras existentes na quadra são disponibilizadas pela prefeitura a
qual também é responsável pela coleta do lixo que é feita todas as noites. A
prefeitura também é responsável pela fiscalização das
lojas/mesiteros/ambulantes; os mesiteros pagam tributos mensalmente, as lojas
anualmente e os ambulantes são isentos, mas não podem ficam em um lugar só, tendo
que estar sempre em movimento. Esses dados foram conseguidos com o fiscal Blás
Salinas da prefeitura de Ciudad Del Este.
Foto 7:
Funcionário da prefeitura responsável pelo ordenamento na Av. San Blás.
Foram analisadas separadamente as quatro ruas que compõem a quadra:
Na Avenida San Blás é proibido o trânsito de
veículos motores pois é um espaço comercial exclusivo dos mesiteros. Seus
locais de exposição foram concedidos pela prefeitura, a qual cobra impostos
mensalmente sobre a ocupação da Avenida e os principais artigos vendidos por
eles são aqueles comprados, em sua maioria pelos sacoleiros. O número de pedestres que
transitam por ela é elevado e de sacoleiros também.
Foto 8: Avenida
San Blás, tomada por mesiteiros de ambos os lados, pedestres e sacoleiros.
Foram observadas algumas lixeiras que foram
disponibilizadas pela prefeitura porém há uma grande quantidade de lixo jogado
no chão e ao redor das lixeiras.
Foto 9: Lixeira disponibilizada pela prefeitura. Foto 10: Presença de lixo jogado no chão.
Na avenida,
não foi possível observar árvores, bueiros e locais para impermeabilização da
água no solo.
Foto
11: Esquina
da Av. San Blás com a Rua Coronel Toledo.
A Rua Coronel Toledo é uma rua mais ampla quando
comparada à Av San Blás em relação ao trânsito de veículos. O fluxo de pessoas
é menor do que a existente na Av. San Blás e os mesiteiros se encontram
presentes nas calçadas ao invés das ruas, dificultando o transito de pedestre e
a visualização de fachadas de lojas presentes no quarteirão.
Foto 12: Nesta foto é possível observar a calçada da Rua Coronel
Toledo tomada por mesiteiros, pedestres transitando na rua ao lado de carros e
criança vendendo meias e outros artigos recorrentes dos sacoleiros.
Não há
lixeiras, o que resulta em muitos lixos espalhados pelo chão. A área observada
também não conta com cobertura vegetal alguma e nem bueiros. Nas calçadas estão
as entradas das lojas e logo a sua frente os mesiteiros.
Foto 13 Foto 14
Foto 13: O lixo nas ruas é paisagem recorrente na Rua Coronel Toledo.
Foto 14: Presença
de mesiteiros na calçada da Rua Coronel Toledo dificulta a passagem pela calçada e impede a vista pela
rua da entrada das lojas.
Na Rua Camilo Recalde o principal fator identificado
foi a presença do mau cheiro, muito maior que o das outras, causado talvez pela
presença de esgoto de pias comunitárias presentes na rua Coronel Toledo que
escorreu até a Camilo Recalde e o lixo também está sempre presente por toda a
rua, somado à falta de lixeiras públicas.
Foto 15 Foto 16
Foto 15:
Esquinas das Ruas Camilo Recalde e Coronel Toledo.
Foto 16: Água de pias comunitárias
escorrendo pela rua causando mal cheiro.
A rua tem uma largura razoável para a circulação de
automóveis porém não foi observada placas e sinalizações de transito e o fluxo
de gente e carros é bem mais intenso se comparada com a rua anterior. Em
algumas partes o trânsito pela calçada se torna impossível pois foi tomada por
mesiteiros que se localizam na entrada de grandes lojas, de pequenas e até
mesmo de farmácias, impossibilitando a visualização. Não há a presença de
lixeiras, entretanto, há duas árvores mas sem bueiros ou locais de infiltração
de água.
Na rua Regimento Sauce o fluxo de veículos é mais
constante e apresenta o mesmo problemas das outras ruas observadas: O domínio
da calçada por parte dos mesiteiros.
Foto 18:
Esquina da Rua Camilo Recalde com a Regimento Sauce. Presença de pontos de táxi
que movimenta o fluxo de pessoas na rua, mesiteiros ocupando a calçada e a
entrada das lojas e o lixo jogado na rua, além da falta de lixeiras.
A rua não possui qualquer tipo de cobertura vegetal,
lixeiras públicas ou meios de infiltração de água porém é a única rua da quadra
observada que apresenta bueiro.
Foto 19:
Bueiro na Rua Regimento Sauce.
O que
pode ser notado em todas as ruas é a presença dos mesiteiros nas calçadas em
frente as lojas, a grande quantidade de lixo jogado no chão, a falta de
bueiros, árvores e lixeiras. Assim, nota-se a falta de preocupação e cuidado
com o ambiente, a higiene e limpeza do lugar; ficando marcado pela presença do
grande fluxo de pessoas, mercadorias, capitais, informações e também por sua
sujeira, mau cheiro, descaso e condições sanitárias.
5) CONCLUSÃO
A região da tríplice fronteira possui aspectos
interessantes de serem analisados sobre a ótica da ciência geográfica ela é
movida principalmente pelo comércio e turismo. A intensa circulação de pessoas
e a demarcação de territórios fazem com que esta área tenha uma dinâmica
própria. As relações comerciais que se instauraram entre Foz do Iguaçu e Ciudad
Del Este são interessantes, pois as condições de comércio na cidade paraguaia
chamam a atenção de brasileiros e estrangeiros de todas as partes devido a
presença de mercadorias do mundo todo e os preços abaixo do normal. Já Puerto
Iguazu tem características mais voltadas ao turismo, com a venda de produtos
típicos da região e principalmente com relação aos turistas que vão visitar às
Cataratas do Iguaçu e ao Duty Free, quando querem um lugar mais aconchegante em
que possam fazer compras com sossego e a preços mais acessíveis, com isenção de
impostos.
Em se
tratando da questão ambiental, mesmo com o pouco tempo vivenciado, pode-se
notar a grande diferença de tratamento desse tema em cada país. A cidade de Foz
do Iguaçu possui alguns problemas típicos das cidades brasileiras, como o
tratamento do lixo, as ocupações irregulares (principalmente próximas ao rio),
as ilhas de calor, entretanto, quando se fala do Parque Nacional atende em um
primeiro momento as expectativas de cuidados com o meio ambiente. Puerto Iguazu
por ser uma cidade turística e de menor porte passou a ideia de ser bem
cuidada, não havia lixo nas ruas e até onde se sabe as margens dos seus rios
possuem mata ciliar e a cidade conta com infraestrutura de saneamento básico.
Já Ciudad Del Este é o lugar mais alarmante, não existe uma preocupação com o
meio ambiente, sendo marcada pela falta de saneamento básico, lixo e mau odor
das ruas, etc.
Sendo assim de uma forma geral a leitura de textos e
as visitas de campo a locais como as cataratas do Iguaçu, centro comercial de
Ciudad Del Este, à Itaipu e a cidade argentina de Puerto Iguazu, nos permitiram
compreender a fluidez que este espaço tem, recebendo milhares de turistas e
comerciantes, possuindo um fluxo intenso de capital, pessoas e mercadorias que
regulam o crescimento do território e marcam as atividades de fronteira, que
para Milton Santos e Silveira(2006):
O peso do mercado externo na vida econômica do país acaba por orientar uma boa parcela dos recursos coletivos para a criação de infra-estruturas, serviços e formas de organização do trabalho voltados para o comércio exterior, uma atividade ritmada pelo imperativo da competitividade e localizada nos pontos mais aptos para desenvolver essas funções. Isso não se faz sem uma regulação política do território e sem uma regulação do território pelo mercado. (SANTOS, SILVEIRA, 2006, p.21, 22)
A realização deste trabalho também possibilitou que
conhecêssemos como se deu a formação da região do Oeste paranaense, quais as
dinâmicas que ali ocorreram para que o governo brasileiro entendesse que aquela
era uma região de grande valor para o território do país.
No
entanto existem as mazelas relacionadas a um local onde se tem a divisa entre
três países, como por exemplo, o contrabando de mercadorias, que causa
problemas no comércio interno do país, o tráfico de drogas e pessoas, o
trabalho infantil, a formação de máfias e quadrilhas que atuam dentro dos
países em função das atividades ilegais desenvolvidas entre outras atividades
que prejudicam o bem estar da sociedade de modo geral.
6) REFERÊNCIAS
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questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec; Recife: IPESPE,
1995.
GOMES,
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Tríplice Fronteira / Cristiane Gomes; orientadora Ana Maria Muratori.
Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Geografia) Universidade
Federal do Paraná. Curitiba, 2008.
MACHADO, Lia Osorio. Cidades
na fronteira internacional: Conceitos e tipologia. II Conferência Internacional Desenvolvimento Urbano em Cidades de
Fronteira. Foz do Iguaçu (PR), 2007.
RABOSSI, Fernando. Nas ruas de Ciudad del Este: vidas e vendas num
mercado de fronteira. 2006. 318 f. Tese (Doutorado em
Antropologia Social) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, 2006.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, 2006.
RABOSSI, F. Árabes e
muçulmanos em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este: notas para uma re-interpretação.
In: Seyferth, G.; Póvoa, H.; Zanini, M.C.; Santos, M. (Org.). Mundos em Movimento: Ensaios sobre migrações.
Santa Maria: Editora da Universidade Federal de Santa Maria, 2007, p. 287-312.
RABOSSI, F. Dimensões da espacialização das trocas - a propósito de
mesiteros e sacoleiros em Ciudad del Este.
Ideação. Foz do Iguaçu, v. 6, n.6, p. 151-176, 2004.
RAMOS, A. D. A formação histórica dos municípios da
região das missões do Brasil. 2006. Disponível em: <http://www.urisan.tche.br/~iphan/upload/downloads/file1.pdf>.
Acesso em: 27 jun 2013.
ROSEIRA, A. M. Foz do Iguaçu a Cidade Rede Sul-Americana.
2006. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006.
SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens
e Concepções de Território. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SANTOS, Milton; SILVEIRA,
Maria L. O Brasil: território e
sociedade no inicio do século XXI. 9ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2006.
WACHOWICZ, R. C. Oeste
Paranaense. In: História do Paraná.
1ªed. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2010. p. 275-291.
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