sábado, 29 de junho de 2013

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS


DJAUARA GOULART
LAÍS THEREZA LEVY GIOVANETI
NATALIA MOREIRA PETRI






RELATÓRIO DE CAMPO:
TRIPLÍCE FRONTEIRA
BRASIL – PARAGUAI- ARGENTINA
















LONDRINA
2013


1)    INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como propósito relatar o trabalho de campo desenvolvido nos dias 07, 08 e 09 de junho pela turma do 4º ano de Geografia da Universidade Estadual de Londrina na região da tríplice fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, a fim de consubstanciar a teoria aprendida na disciplina de Geografia do Brasil em conjunto com a disciplina de Recursos Naturais e Educação Ambiental, sob a orientação da professora Márcia Siqueira de Carvalho e do professor Carlos Alberto Hirata. Para isso, o roteiro seguido pela turma partiu da cidade de Londrina, no dia 07 de junho de 2013 às 6:00 hrs rumo à Foz do Iguaçu, que fica a aproximadamente 500 km da cidade de origem e faz fronteira com a cidade argentina de Puerto Iguazu e a paraguaia, Ciudad del Este. 


Mapa 1: Localização da tríplice fronteira entre o Brasil, Argentina e Paraguai.
Fonte:  Fonte: Secretaria do Governo Argentino (2007); Instituto Militar e Geográfico do Paraguai; IBGE (2001) apud GOMES, 2008.

No roteiro, elaborado pelos professores, a turma pode primeiramente conhecer as Cataratas do Iguaçu localizada no Parque Nacional do Iguaçu, no período da tarde do dia 7, quando chegaram ao destino, aproximadamente às 14:30. A visita pode proporcionar o reconhecimento das relações econômicas que envolvem as visitas turísticas e ambientais na área de preservação e um primeiro contato com a região de tríplice fronteira.

 Mapa 2: Mapa turístico do Parque Nacional do Iguaçu – Foz do Iguaçu (PR)

O Parque tornou-se Patrimônio Mundial pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. As cataratas se encontram sobre o Rio Iguaçu e recebem anualmente um grande contingente de turistas que movimentam a economia da região além de contar com a produção de energia (Usina hidrelétrica de Itaipu) na sua dinâmica econômica. As Cataratas se apresentam na região do Parque Nacional do Iguaçu que tem como intuito preservar o restante da fauna e da flora presente no entorno além de proporcionar conscientização ambiental em relação ao despejo de lixo no rio Iguaçu.
Foto 1: Artefato construído com material recolhido no rio Iguaçu. Do lado, são exibidos painéis com imagens do resgate de lixo no rio e a importância da preservação ambiental.

       No dia 08/06, no período da manhã, a turma seguiu rumo à Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, pertencente ao Brasil e Paraguai para observar a usina e também assistir a um curta metragem que contava a história de construção e também as atuais ações ambientais praticadas na sua área de influência. O começo de sua construção foi em 1973 quando os dois países firmaram um tratado confirmando a construção de Itaipu. Em 1975 as obras do canteiro e da barragem foram iniciadas, visando o desvio do leito do rio Paraná. O rio Paraná é uma das maiores reservadas de água doce do mundo e o décimo em quantidade de água. Em 1978 começou a ser construído um dos blocos da barragem principal e em 1979 teve a construção da casa de força. Em 1982 é formado o reservatório e chega a primeira roda da turbina. Já em 1984 a primeira unidade geradora é ligada. Com 18 unidades geradoras de energia em 1991 foram concluídas as obras da usina. Uma obra faraônica, necessária ao progresso do país, mas que ao mesmo tempo deixou marcas sociais, ambientais e econômicas em muitos municípios devido ao enorme impacto de criação do lago que tomou uma área imensa de terras agricultáveis que tinham comunidades humanas e silvestres que tiveram de ser resgatadas e transferidas à outros locais.
       A Itaipu é considerada uma das 7 maravilhas da engenharia moderna do mundo. São 20 unidades geradoras (em 2007 foram instaladas as ultimas duas) que fornecem 17% da energia consumida no Brasil e 75% da energia consumida no Paraguai. É, portanto, a primeira em produção de energia no mundo. A Itaipu faz investimentos em pesquisas em escolas, universidades e empresas; possui alguns programas de responsabilidade social, como o programa força voluntaria a qual luta contra a exploração sexual e infantil, o programa energia voluntaria, o programa rede cidadã, o programa água boa, entre outros. Pode-se ainda encontrar na usina o polo astronômico, o ecomuseu, o refugio biológico, sendo mais algumas opções de atração para os turistas que visitam a usina, chegando a mais de 500 mil pessoas por ano.
Atualmente, o turismo e a geração de energia elétrica são as principais fontes de renda de Foz de Iguaçu, sendo de grande importância para à economia do município e da região.

    Foto 2: Barragem da Usina Binacional de Itaipu.

Com a construção da usina, a cidade de Foz do Iguaçu passa a ter um crescimento exponencial da população que ia em busca de trabalho na construção, muitas vezes se mudando para o município com toda a família. Esse crescimento acelerado de Foz trouxe também a necessidade de crescimento do município em relação à infraestrutura para atender toda a demanda crescente da região, fato este que contribuiu no aumento das relações entre o Brasil e o Paraguai, mais especificamente Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, devido a proximidade territorial. (RABOSSI, 2004)
O município de Foz conta hoje com uma boa infra-estrutura urbana, com ruas organizadas (na parte visitada), largas e avenidas que facilitam o transito além de possuir uma boa infra-estrutura sanitária, com rede coletora de esgoto e rede de abastecimento de água. A área urbana é relativamente bem arborizada, com calçadas bem construídas e estabelecimentos comerciais que atendem aos turistas que se hospedam na cidade devido a proximidade entre o Paraguai e a Argentina.
No mesmo dia (8/06), no período da tarde, a turma se dirigiu à Ponte da Amizade em direção à Ciudad del Este. No Paraguai o primeiro lugar visitado foi o zoológico mantido pelo Parque do Iguaçu e o museu da terra Guarani para entender um pouco mais da cultura do povo paraguaio. Foi observado que os primeiro habitantes do Paraguai não foram os Guaranis, pois essa cultura começou sua expansão há cerca de 3000 anos, chegando à região da bacia do Paraguai e Paraná por volta de 1100 anos atrás. A distribuição dos Guaranis cobriu boa parte do leste da América do Sul, principalmente, na Bacia do Prata. No século XVI, deu-se o boom demográfico, chegando a 200 milhões de pessoas. Os Guaranis não são nômades e desenvolveram uma agricultura “ecologicamente correta”, complementada pela caça e coleta. Sua agricultura era considerada correta porque aprenderam a ficam em um lugar até que a terra não fosse mais produtiva, mudando-se para retornar ao mesmo lugar 40 anos depois, quando a floresta já estivesse reconstituída. Após este reconhecimento, o grupo seguiu em direção ao estudo propriamente dito da Ciudad del Este, feita através da identificação das quadras no centro comercial da cidade que será tratada com maior detalhes mais adiante. 

    Foto 3: Mulheres da tribo Guarani (Museu de Hernandarias)         Foto 4: Museu do povo Guarani.


No último dia de campo (09/06) fomos logo de manhã, por volta das 8:30h para Puerto Iguazu, uma cidade da província de Missiones na Argentina.  A cidade é a menor das três que compõem a tríplice fronteira e em 2001 sua população era de 31.515 habitantes. A base econômica de Puerto Iguazu é a atividade turística que recebe pessoas em busca de produtos locais e  devido a proximidade das Cataratas; portanto o setor hoteleiro da cidade se desenvolveu muito e atualmente há construções de hotéis que buscam valorizar a experiência do turista com as margens do rio Iguaçu.
            Foi realizada uma rápida visita à cidade a fim de verificar a mudança de cenário em relação às outras duas cidades. Por ser um domingo a cidade estava bastante silenciosa e vazia, porém apesar disso foi possível perceber que a cidade possui uma dinâmica muito diferenciada com relação às outras duas cidades. Não havia a desorganização e sujeira (causada pelo grande fluxo de pessoas) que pode ser observada em Ciudad Del Este, e nem características de uma cidade grande como em Foz do Iguaçu.
A visita na feirinha da cidade que vendia produtos locais, característicos da Argentina como azeitonas, vinhos e queijos estava muito vazia pelo fato de ser domingo e de manhã com muitos estabelecimentos fechados, seguimos em direção ao Duty-Free o qual é um shopping que geralmente se encontra em áreas portuárias ou em salões de aeroportos. Na Argentina esse shopping se encontra na divisa entre a cidade brasileira de Foz do Iguaçu e a cidade argentina de Puerto Iguazu. A principal característica dessa loja é que ela é uma zona franca e os produtos que lá são vendidos possuem isenção ou redução de impostos. São os mais variados tipos de produtos que são comercializados no local, todos eles são produtos de marcas conhecidas no mundo todo e possuem preços bem mais acessíveis. A cidade argentina se difere das outras duas cidades fronteiriças, enquanto Ciudad Del Este é uma cidade grande para os padrões paraguaios e Foz do Iguaçu uma cidade média para os padrões brasileiros, Puerto Iguazu é uma pequena cidade, com características de comércio bem diferentes das outras duas.
Foto 5 e 6: área comercial e turística de Puerto Iguazu.



2)    PARTE TEÓRICA
O entendimento do conceito de território não é exclusivo da ciência geográfica, portanto possui diferentes significados dependendo das categorias de análise que o envolvem. Na ciência geográfica o conceito está atrelado às concepções de nação, fronteira, Estado que por conseguinte envolvem relações de poder em um espaço definido e delimitado que para Milton Santos (2006) significa o espaço ocupado e usado, de diversas formas através dos sistemas de engenharia capazes de integrar o espaço e consolidar o território, na medida em que eles criam condições de relações e fluxos entre elementos materiais e imateriais (SAQUET, 2007) em diferentes espaços e regiões,  conectados através da infraestrutura e sistemas informacionais. Na Brasil, devido a sua grande extensão territorial, a integração do território nacional só foi possível mediante a aplicação de políticas públicas preocupadas com a ligação entre diferentes regiões, como afirma Andrade (1995), condicionadas através da abertura de estradas e com o incentivo por parte do governo, da ocupação do oeste do país no sentido de haver uma maior ocupação na fronteira com outros países, pois desde a colonização e até o século XX a ocupação se concentrava no litoral e próximo a ele devido ao fato de a economia ser quase que inteiramente voltada ao mercado externo e de exportação da matéria prima. Porém, como afirma Milton Santos (2006) essa integração política e também econômica gerou diferenciações regionais no desenvolvimento da divisão do trabalho e das funções de cada região, ritmada pela ordem do mercado que acaba criando distinções entre espaços e territórios.
O conceito de fronteira pode ser entendido como uma posição geográfica que define o começo e o fim de um de um território. A fronteira internacional é complexa,
pois se faz pela territorialização de grupos humanos e de redes de circulação e intercâmbio, unidos pela permeabilidade dos limites estatais através da comunicação entre populações pertencentes a diferentes sistemas de poder territorial. (MACHADO, 2007, p. 63)
Santos e Silveira(2006) fazem uma afirmação em relação ao território brasileiro que podem ser aplicadas às três cidades de fronteira que foram visitadas no trabalho de campo, pois o mercado é o grande orientador da aplicação dos recursos para a criação de infra-estruturas, serviços e nas formas de organização do trabalho que são voltadas para o comércio exterior, ou para o turismo, gerando assim uma regulação do território através do mercado e não só política.






3)    HISTÓRIA DA REGIÃO
a.    Período Missioneiro
Antes da chegada de portugueses e espanhóis, a região que compreende o sul do Brasil, o Paraguai e a Argentina eram ocupados pela população de índios Guarani. Esta que tinha desenvolvido técnicas de plantio e tinham desenvolvido toda uma cultura e religiosidade próprias. 
Esses povos eram independentes e dominavam a região, no entanto com a chegada de espanhóis e portugueses na América, houve uma submissão desses povos com relação aos colonizadores. A principal forma de domínio desse povo por parte dos colonizadores se deu pelas missões jesuíticas, que entravam no convívio dessa população e procurava catequizá-los para torna-los subjugados à Igreja católica e suas vontades.
A região era de difícil acesso e não havia população suficiente para ocupar todo o território que compreendia a colônia portuguesa, nem a colônia espanhola. É neste sentido que além de ter sua função catequizadora, os jesuítas também foram de grande auxilio para a demarcação territorial das fronteiras entre o mundo português e o espanhol. Sendo assim muitas das reduções jesuíticas eram encontradas na região fronteiriça.
Apesar de uma grande resistência dos guaranis no início das missões jesuíticas e do ataque constante de bandeirantes às reduções, o período missioneiro veio a se consolidar e foram criadas sete reduções jesuíticas no sul do Brasil. Depois de instauradas as reduções e com um processo intenso de mudança de valores de caráter “civilizatório” finalmente os jesuítas conseguiram imprimir sua crença aos povos guaranis (apesar destes nunca terem abandonado suas crenças pré-coloniais).
A decadência dos 7 povos e das reduções jesuíticas se deu por conta da instabilidade na fronteira entre as colônias portuguesas e espanholas. Acordos fizeram com que os habitantes das reduções jesuíticas tivessem que abandonar seu território e passar para o domínio espanhol. Os guaranis não gostaram de ter que deixar suas terras e resistiram, e teve início a guerra guaranítica. No entanto jesuítas e guaranis não foram capazes de fazer frente ao exército das potências ibéricas e foram derrotados, dando fim aos sete povos missioneiros.

b.    Fundação da Colônia Militar
A região onde se encontra o oeste paranaense era praticamente esquecida pelas autoridades brasileiras até o final do século XIX, havendo até então somente a presença de povos nativos. O local era tomado pela mata e não existia nenhuma infra-estrutura que ligasse a região com o resto do estado. A existência de fatores físicos, como o rio Paraná, que fortalecia a fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai fazia com que os governantes não dessem muita importância para o local, onde o acesso era de extrema dificuldade.
Ao longo do século XIX foram feitos acordos entre os três países que permitiam a navegabilidade pelo rio Paraná ao longo da tríplice fronteira. Este fato facilitou o acesso de argentinos e paraguaios no oeste do estado e em pouco tempo trabalhadores dos países vizinhos transformaram o local em alvo de contrabando de madeira e exploração da erva mate. O Brasil que ainda não havia tomado nenhuma medida de ocupação e fiscalização da região, não tinha como controlar o processo de extração de riquezas que ocorria no local.
As frentes de extração da erva mate vinham principalmente da Argentina, e funcionava no sistema de obrage, que eram propriedades de extração onde geralmente os donos eram argentinos e os trabalhadores paraguaios. Sobre o assunto Wachowicz, 2010 coloca que:
Esse tipo de exploração penetrou no Estado do Paraná no final do século passado, com a frente extrativa da erva mate procedente da Argentina. A partir de 1881, esse tipo de extração já existia nas margens do rio Paraná, a montante de Foz do Iguaçu. Como no oeste paranaense na havia presença brasileira nem fiscalização, o sistema das obrages desenvolveu-se na região. (WACHOWICZ, 2010, p. 277)
Na tentativa de reverter a situação, as autoridades brasileiras ,em 1988, resolveram agir para tomar o controle do local que estava sendo fortemente explorado por empresas dos países fronteiriços. Foi então que se criou a iniciativa de realizar a construção de estradas e infra-estruturas que permitissem o acesso e o controle efetivo da região.
Em 1889 a frente militar que se encaminhava em direção a fronteira guarani chegou a Foz do Iguaçu e foi fundada e Colônia Militar de Foz do Iguaçu. O local não se encontrava desabitado, existia uma pequena população no local porém essa era de maioria paraguaia e argentina.
As autoridades ficaram impressionadas com a população que ali vivia no entanto seu principal objetivo era retomar o controle da região e para isso era importante:
Controlar toda a produção envolvendo o corte da madeira e o cultivo da erva mate foi no primeiro momento a maior prioridade; ao passo que estabelecer um efetivo povoamento da fronteira exigia a criação de um projeto social e político para toda a região, o que demandaria muitos anos de planejamento brasileiro. (ROSEIRA, 2006, p. 39)
Apesar de estar centrado na fiscalização dos produtos que saiam do país e da exploração da madeira e erva mate, o governo buscava também iniciar um povoamento, que tivesse por base uma produção de subsistência. No entanto a possibilidade de exploração da madeira e cultivo da erva mate e a proximidade com o mercado de exportação não permitiu que a colonização do local se desse da forma como pretendiam os militares.
Devido às condições parcas de infra-estrutura e pouca ligação com o restante do Paraná, a população do local se tornou fortemente dependente de seus países vizinhos e a economia local se baseou durante muito tempo na extração dos recursos naturais que estavam disponíveis no local.

c.    Exploração da Erva mate
O sistema de produção agrícola e pastoril que se tentou implantar na região fronteiriça não foi para frente devido aos problemas de acesso a região. Sendo assim principal atividade econômica que regeu a região do oeste paranaense no fim do século XIX e início do XX foi a exploração dos bens naturais que a região possuía.
A proximidade com o mercado exportador gerou uma interdependência que favorecia tanto aos exploradores presentes na região, como aos países vizinhos que necessitavam desta matéria prima. Todo esse processo gerou uma organização do território local, e o estado brasileiro por não conseguir efetivamente proporcionar uma infra-estrutura
[...] passou a estimular a permanência do binômio mate-madeira. No Inicio do século XX, o mesmo tempo em que estas atividades extrativistas exploravam os potenciais econômicos da área asseguravam relativamente ao governo brasileiro o domínio da Fronteira Guarani. Mesmo que isto custasse uma área economicamente muito atrelada    à Argentina e ao Paraguai. (ROSEIRA, 2006, p.46)
Roseira (2006) ainda afirma que a exploração de madeira e erva mate passou por três principais períodos, onde o primeiro ocorre antes das missões estratégicas de ocupação do local, a atividade extrativista era totalmente ilegal e havia um imenso contrabando desses produtos do Brasil para a Argentina principalmente; o segundo período é demarcado pela presença do governo brasileiro no local e a regulamentação e fiscalização desta atividade, no entanto ainda se verificava uma grande presença e influencia guarani no local, a língua falada era o espanhol e guarani e a moeda que circulava era o peso argentino. E o terceiro momento foi a decadência do sistema de obrages, que tinha suas bases na valorização da produção da erva mate nacional argentina, dificultado assim a entrada do produto brasileiro. O período também se caracterizou por uma maior rigidez do governo federal durante o Estado Novo com relação a produção extrativista do local.
Finalmente após a decadência do sistema de Obrages:
[...] todas as políticas, tanto do governo federal quanto do governo estadual para a problemática Fronteira Guarani,seguiram a risca uma prática de controle territorial baseada nas relações entre população com recurso, pequena propriedade agrícola e circulação territorial. (Roseira 2006, p. 52)

d.    Incorporação de terras pelo capital gaúcho.
Com a queda do sistema de obrages, o Estado Novo de Getúlio Vargas procura promover uma recuperação do território que abrange a região oeste e sudeste do Paraná. Naquela região havia um alto grau de desnacionalização, a língua falada era o espanhol e o guarani, a moeda que circulava também não era brasileira. As pessoas que ali viviam tinham muito mais contato com os países vizinhos, do que efetivamente com o Estado do Paraná e com o Brasil.
O governo federal alegou que a área tinha importante valor estratégico para o território nacional, e viabilizou uma marcha para o oeste paranaense, tendo como principal intuito promover a expansão capitalista em direção à locais pouco povoados (Roseira, 2006)
Sendo assim as autoridades nacionais buscaram retomar as atividades que foram iniciadas no período da colona militar, e que acabaram se perdendo por conta da impossibilidade de o governo realizar obras que ligassem o local com o resto do país. Desta vez, no entanto, o governo tinha outra perspectiva, diferente do período da colônia militar o Estado Novo juntou forças com o capital privado nacional. Roseira (2006) coloca:
         Os três aspectos levantados anteriormente; população com recurso, pequena propriedade agrícola e circulação teriam nesta relação os meios de sua realização. A junção desses três elementos pela associação entre Estado e capital privado seria pelas décadas seguintes a base para a consolidação geopolítica brasileira na bacia do Prata. (ROSEIRA, 2006, p. 55)

Várias empresas de capital privado nacional se instalaram na região para realizar a colonização do local, a maioria dava preferência para colonos de origem européia. No entanto assim como no período de colônia militar, a falta de infra-estrutura acabou por atrapalhar os planos do governo de ocupação da área.
Sendo assim várias empresas faliram no local, e só houve prosperidade na ocupação da área quando o governo tomou uma atitude efetiva de organização do espaço com a construção de escolas, hospitais e estradas.
A companhia colonizadora mais bem sucedida da região tinha como característica principal a venda de lotes não muito grandes, procurando respeitar a lei de terras vigente no país. Essa companhia focou seus investimentos em colonos de outros estados da federação os quais, na sua grande maioria, vinham do estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
Foi desta forma que se baseou a principal frente de ocupação do oeste do Paraná, muitos migrantes vieram investir na região, e os projetos de infra-estrutura coordenados pelo governo permitiram que estes tivessem uma maior segurança ao comprar terras no local.

e.    Itaipu.
A construção da Hidrelétrica de Itaipu causou grandes modificações no ordenamento espacial da região Oeste do Paraná. As taxas de urbanização dessa região sofreram grandes aumentos, e Roseira (2006) coloca que isto tem base principalmente na modernização do campo e na construção da usina.
O lago de Itaipu varreu do mapa municípios inteiros, assim como um grande numero de propriedades agrícolas que estavam na área. Este fato corroborou para que, enquanto na década de 70 cerca de 50% da população residisse no campo, nos anos 2000 a região contasse com uma taxa de urbanização de aproximadamente 80%, podendo ser comparada com as taxas de urbanização do norte do estado e da região metropolitana de Curitiba.
Além da alta taxa de urbanização que a região sofreu, também houve um grande contingente de migrantes que se deslocaram para Foz do Iguaçu por conta da construção de Itaipu. Com sua construção o turismo passou a ser um ponto importantíssimo da economia local, que possuía as belezas naturais como as Cataratas do Iguaçu e a grande construção realizada pelo homem que é a Itaipu.

f.      Fase Recente.
Muito embora a época das obrages tenha passado à quase um século, e a região Oeste do Paraná tenha finalmente tomado a forma que os governantes brasileiros desejavam, a área ainda é foco de grandes problemáticas que tem bases solidificadas pelo mundo globalizado em que vivemos, onde as informações e mercadorias têm um fluxo rápido e intenso.
A primeira questão a ser observada e que na contemporaneidade tem chamado atenção tanto de países do MERCOSUL, como de outros países da América, é a forte presença de árabes na tríplice fronteira. Estima-se que a população árabe que ali vive esteja em torna de dez mil pessoas, e há especulações de que uma parte desta população seja financiadora de grupos terroristas do Oriente Médio.
A questão tomou uma proporção tão grande que as autoridades dos Estados Unidos se pronunciaram a respeito dizendo que a probabilidade de haver financiamento do terrorismo a partir da tríplice fronteira é muito grande e que os países não têm possibilidade de combater algo como isso. No entanto a comunidade árabe se pronuncia dizendo que tudo isto não passa de um mito.
Mito ou não, a presença árabe não chega a ser uma problema se comparada com a máfia e o crime organizado. A região sofre com a máfia chinesa que aterroriza os comerciantes locais, assim como contrabandeiam grandes volumes de produtos para as principais cidades brasileiras. O impacto gerado por essa atividade é a quebra do comércio local brasileiro.
Em 2004 foram tomadas iniciativas junto com o governo dos três países(Paraguai, Argentina e Brasil) e os EUA para tentar controlar o contrabando na tríplice fronteira. No entanto os países não conseguem dar conta do volume de pessoas que passam ali diariamente, por isso a atividade continua ativa.
Sobre isso Roseira (2006) coloca:
O contrabando na fronteira e sua irradiação por meio do comércio ilegal a todo território brasileiro é também inegavelmente uma questão social. Este tipo de atividade é sustentado também pela existência de uma população às margens do alto nível de consumo imposto pelas grandes empresas, pelos meios de comunicação de massa e pela sociedade em geral. (ROSEIRA, 2006, p.153)

Desta forma percebemos que apesar de o país ter recuperado a área de Foz do Iguaçu pra si ainda existem muitos problemas envolvendo a região, problemas estes que deixam a população local com uma grande sensação de insegurança. Além disso, as atividades desenvolvidas no local têm impactos negativos sobre todo o território nacional.  Contrabando de mercadorias que afeta o comércio nacional, o tráfico de drogas que movimenta esse tipo de atividade ilícita e as máfias.

g.    Criação da Zona Franca de Ciudad del Este
Ciudad Del Este (PY) se localiza no extremo oeste do Paraguai, estando na fronteira com a cidade de Foz do Iguaçu (BR), onde o rio Paraná define o limite territorial desses países. A primeira característica a ser destacada de Ciudad Del Este é sua localização de fronteira internacional, na qual se desenvolvem uma multiplicidade de fluxos (de mercadorias, pessoas, capitais, informações) que convivem com diversas culturas provenientes de vários lugares do mundo, resultando num lugar com especificidades e peculiaridades próprias, dada as relações desenvolvidas serem mais complexas por conta do seu caráter internacional.
       Ciudad Del Este foi fundada com o nome de Puerto Presidente Stroessner, em 1957, para receber a rodovia que ligaria a região central do Paraguai com a costa atlântica brasileira. Quando o presidente paraguaio Stroessner assume o poder, estabelece uma política de relações com o Brasil, assinando os acordos de construção da rodovia supracitada, para construção da ponte da Amizade sobre o rio Paraná, em 1965, e da construção de Itaipu na década de 70. Stroessner também investiu em políticas de incentivos de importação de produtos (para venda na fronteira) baseados nas baixas tarifas de impostos e concedeu facilidades para comerciantes estrangeiros poderem se estabelecer na região.
       A construção da ponte da Amizade (1965) foi um atrativo que levou muitos comerciantes à fronteira com a intenção de levar produtos brasileiros ao Paraguai e foi nessa lógica que o comércio se desenvolveu na região. Assim, o Paraguai passou a fazer o comércio de artigos importados e artigos típicos do Paraguai. Com os baixos impostos cobrados (se comparado com os países vizinhos Brasil e Argentina) por esses produtos no lado paraguaio, tornou-se um atrativo comercial para brasileiros, argentinos e até mesmo para os turistas de todo o mundo em passeio pelas Cataras do Iguaçu e Itaipu.
       Em meados dos anos 70 duas coisas contribuíram para transformações na região. A primeira é a guerra no Oriente Médio que fez com que aumentasse muito o fluxo de imigrantes árabes na tríplice fronteira e a construção da Itaipu, terminada em 1991, que resultou em mudanças demográficas e infraestruturas.
       A partir dessas transformações, o comércio cresceu (e continuou crescendo), a oferta de produtos importados aumentou, entrando agora a produção asiática, como as de Taiwan, China, Vietnã e Coreia.
       No entanto, nos anos 90 com a política de redução dos impostos para importação do Brasil e Argentina, o Mercosul, a taxa cambial, as questões de segurança vem contribuindo para lenta decadência do comércio da cidade, fazendo com que muitos comerciantes emigrem para outros lugares.
       Atualmente Ciudad Del Este possui jornais locais, universidades, aeroporto internacional, alguma infraestrutura urbana; é a segunda cidade do Paraguai em importância demográfica e econômica. Em 2002 contava com uma população de 222.274 habitantes. É reconhecida pelo seu comércio, e também é dona de parte da produção da energia da Itaipu. Vale lembrar que mesmo em decadência ela continua sendo um dos mais importantes centros comercias da América Latina.

h.    Zona comercial de Ciudad del Este
O centro comercial de Ciudad Del Este está localizado nas imediações da saída da Ponte da Amizade. Existe uma variedade de produtos que são vendidos, desde os importados (nas ultimas décadas, principalmente, os asiáticos) até os produtos de origem Paraguaia. A cidade conta com lojas, galerias, shoppings, autoservices, importadoras, casas de cambio, vendedores de rua, entre outros. Os tipos de produtos que podem ser encontrados são: perfumes, eletrônicos em geral, roupas, artigos de tabacaria, brinquedos...
       Os comerciantes são de origens diversas, podendo encontrar árabes, chineses, brasileiros, paraguaios, argentinos. A divisão social do trabalho esta dividida entre os donos dos estabelecimentos, os vendedores, os ambulantes, os mesiteros, os taxistas, os kombistas, os mototaxistas, os cambistas, os guardas, os laranjas, etc.
       Os compradores são tanto os turistas que vieram visitar as Cataratas do Iguaçu localizada na cidade de Foz do Iguaçu (Brasil) e Puerto Iguazu (Argentina), como os sacoleiros (principalmente brasileiros) que vem com a intenção de comprar para revender em sua cidade natal. O atrativo comercial do Paraguai são, principalmente, os produtos importados por um preço mais baixo que dos seus países vizinhos, por conta da sua baixa tarifa nos impostos. Assim, Ciudad Del Este se tornou destino de milhares de compradores, sendo os sacoleiros os que se destacam, pois esses compram para revender, sendo esse o seu meio de sobreviver/trabalho.



4)    Análise da quadra 1: Ciudad del Este
Mapa 3: Centro comercial de Ciudad Del Este e separação das quadras para análise do campo.
Fonte: Google Maps.


Afim de haver um melhor reconhecimento da área comercial de Ciudad del Este, o trabalho foi dividido pela professora Márcia Siqueira em 10 quadras para análise sistemática das condições de infra-estrutura urbana, conforme ilustra a imagem acima, e o presente grupo ficou com a incumbência de analisar a quadra 1, que será descrita abaixo.  

Na análise sobre a quadra 1 de Ciudad Del Este, compreendida pela Avenida San Blás, Camilo Recalde, Coronel Toledo e Regimento Sauce, descobriu-se que na cidade a água não é encanada, assim toda loja/casa tem que ter poço artesiano para possuir água disponível. Nessa região também não há rede de esgoto, portanto os imóveis possuem fossa e a limpeza/esvaziamento dessas vêm caminhões contratados pela prefeitura que retiram os dejetos mensalmente. As poucas lixeiras existentes na quadra são disponibilizadas pela prefeitura a qual também é responsável pela coleta do lixo que é feita todas as noites. A prefeitura também é responsável pela fiscalização das lojas/mesiteros/ambulantes; os mesiteros pagam tributos mensalmente, as lojas anualmente e os ambulantes são isentos, mas não podem ficam em um lugar só, tendo que estar sempre em movimento. Esses dados foram conseguidos com o fiscal Blás Salinas da prefeitura de Ciudad Del Este. 

Foto 7: Funcionário da prefeitura responsável pelo ordenamento na Av. San Blás.

Foram analisadas separadamente as quatro ruas que compõem a quadra:
Na Avenida San Blás é proibido o trânsito de veículos motores pois é um espaço comercial exclusivo dos mesiteros. Seus locais de exposição foram concedidos pela prefeitura, a qual cobra impostos mensalmente sobre a ocupação da Avenida e os principais artigos vendidos por eles são aqueles comprados, em sua maioria pelos sacoleiros. O número de pedestres que transitam por ela é elevado e de sacoleiros também. 

Foto 8: Avenida San Blás, tomada por mesiteiros de ambos os lados, pedestres e sacoleiros.

Foram observadas algumas lixeiras que foram disponibilizadas pela prefeitura porém há uma grande quantidade de lixo jogado no chão e ao redor das lixeiras.

 Foto 9: Lixeira disponibilizada pela prefeitura.                  Foto 10: Presença de lixo jogado no chão.


 Na avenida, não foi possível observar árvores, bueiros e locais para impermeabilização da água no solo.
Foto 11: Esquina da Av. San Blás com a Rua Coronel Toledo.

A Rua Coronel Toledo é uma rua mais ampla quando comparada à Av San Blás em relação ao trânsito de veículos. O fluxo de pessoas é menor do que a existente na Av. San Blás e os mesiteiros se encontram presentes nas calçadas ao invés das ruas, dificultando o transito de pedestre e a visualização de fachadas de lojas presentes no quarteirão.

Foto 12: Nesta foto é possível observar a calçada da Rua Coronel Toledo tomada por mesiteiros, pedestres transitando na rua ao lado de carros e criança vendendo meias e outros artigos recorrentes dos sacoleiros.

 Não há lixeiras, o que resulta em muitos lixos espalhados pelo chão. A área observada também não conta com cobertura vegetal alguma e nem bueiros. Nas calçadas estão as entradas das lojas e logo a sua frente os mesiteiros. 

     Foto 13                                                                       Foto 14
Foto 13: O lixo nas ruas é paisagem recorrente na Rua Coronel Toledo.                   
Foto 14: Presença de mesiteiros na calçada da Rua Coronel Toledo dificulta a passagem           pela calçada e impede a vista pela rua da entrada das lojas.

Na Rua Camilo Recalde o principal fator identificado foi a presença do mau cheiro, muito maior que o das outras, causado talvez pela presença de esgoto de pias comunitárias presentes na rua Coronel Toledo que escorreu até a Camilo Recalde e o lixo também está sempre presente por toda a rua, somado à falta de lixeiras públicas.

    Foto 15                                                                           Foto 16
Foto 15: Esquinas das Ruas Camilo Recalde e Coronel Toledo.                                                                                          Foto 16: Água de pias comunitárias escorrendo pela rua causando mal cheiro.


A rua tem uma largura razoável para a circulação de automóveis porém não foi observada placas e sinalizações de transito e o fluxo de gente e carros é bem mais intenso se comparada com a rua anterior. Em algumas partes o trânsito pela calçada se torna impossível pois foi tomada por mesiteiros que se localizam na entrada de grandes lojas, de pequenas e até mesmo de farmácias, impossibilitando a visualização. Não há a presença de lixeiras, entretanto, há duas árvores mas sem bueiros ou locais de infiltração de água.


 Foto 17: Rua Camilo Recalde. Calçadas tomadas por mesiteiros, água de esgoto e a presença de grandes estabelecimentos comercias como as lojas de auto serviço. É possível observar algumas árvores ao fundo.


Na rua Regimento Sauce o fluxo de veículos é mais constante e apresenta o mesmo problemas das outras ruas observadas: O domínio da calçada por parte dos mesiteiros.

Foto 18: Esquina da Rua Camilo Recalde com a Regimento Sauce. Presença de pontos de táxi que movimenta o fluxo de pessoas na rua, mesiteiros ocupando a calçada e a entrada das lojas e o lixo jogado na rua, além da falta de lixeiras.

A rua não possui qualquer tipo de cobertura vegetal, lixeiras públicas ou meios de infiltração de água porém é a única rua da quadra observada que apresenta bueiro.

Foto 19: Bueiro na Rua Regimento Sauce.

       O que pode ser notado em todas as ruas é a presença dos mesiteiros nas calçadas em frente as lojas, a grande quantidade de lixo jogado no chão, a falta de bueiros, árvores e lixeiras. Assim, nota-se a falta de preocupação e cuidado com o ambiente, a higiene e limpeza do lugar; ficando marcado pela presença do grande fluxo de pessoas, mercadorias, capitais, informações e também por sua sujeira, mau cheiro, descaso e condições sanitárias.

5)    CONCLUSÃO
A região da tríplice fronteira possui aspectos interessantes de serem analisados sobre a ótica da ciência geográfica ela é movida principalmente pelo comércio e turismo. A intensa circulação de pessoas e a demarcação de territórios fazem com que esta área tenha uma dinâmica própria. As relações comerciais que se instauraram entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este são interessantes, pois as condições de comércio na cidade paraguaia chamam a atenção de brasileiros e estrangeiros de todas as partes devido a presença de mercadorias do mundo todo e os preços abaixo do normal. Já Puerto Iguazu tem características mais voltadas ao turismo, com a venda de produtos típicos da região e principalmente com relação aos turistas que vão visitar às Cataratas do Iguaçu e ao Duty Free, quando querem um lugar mais aconchegante em que possam fazer compras com sossego e a preços mais acessíveis, com isenção de impostos.
       Em se tratando da questão ambiental, mesmo com o pouco tempo vivenciado, pode-se notar a grande diferença de tratamento desse tema em cada país. A cidade de Foz do Iguaçu possui alguns problemas típicos das cidades brasileiras, como o tratamento do lixo, as ocupações irregulares (principalmente próximas ao rio), as ilhas de calor, entretanto, quando se fala do Parque Nacional atende em um primeiro momento as expectativas de cuidados com o meio ambiente. Puerto Iguazu por ser uma cidade turística e de menor porte passou a ideia de ser bem cuidada, não havia lixo nas ruas e até onde se sabe as margens dos seus rios possuem mata ciliar e a cidade conta com infraestrutura de saneamento básico. Já Ciudad Del Este é o lugar mais alarmante, não existe uma preocupação com o meio ambiente, sendo marcada pela falta de saneamento básico, lixo e mau odor das ruas, etc.
Sendo assim de uma forma geral a leitura de textos e as visitas de campo a locais como as cataratas do Iguaçu, centro comercial de Ciudad Del Este, à Itaipu e a cidade argentina de Puerto Iguazu, nos permitiram compreender a fluidez que este espaço tem, recebendo milhares de turistas e comerciantes, possuindo um fluxo intenso de capital, pessoas e mercadorias que regulam o crescimento do território e marcam as atividades de fronteira, que para Milton Santos e Silveira(2006):

O peso do mercado externo na vida econômica do país acaba por orientar uma boa parcela dos recursos coletivos para a criação de infra-estruturas, serviços e formas de organização do trabalho voltados para o comércio exterior, uma atividade ritmada pelo imperativo da competitividade e localizada nos pontos mais aptos para desenvolver essas funções. Isso não se faz sem uma regulação política do território e sem uma regulação do território pelo mercado. (SANTOS, SILVEIRA, 2006, p.21, 22)

A realização deste trabalho também possibilitou que conhecêssemos como se deu a formação da região do Oeste paranaense, quais as dinâmicas que ali ocorreram para que o governo brasileiro entendesse que aquela era uma região de grande valor para o território do país.
       No entanto existem as mazelas relacionadas a um local onde se tem a divisa entre três países, como por exemplo, o contrabando de mercadorias, que causa problemas no comércio interno do país, o tráfico de drogas e pessoas, o trabalho infantil, a formação de máfias e quadrilhas que atuam dentro dos países em função das atividades ilegais desenvolvidas entre outras atividades que prejudicam o bem estar da sociedade de modo geral.  



6) REFERÊNCIAS
ANDRADE, Manuel Correia. A questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec; Recife: IPESPE, 1995.
GOMES, C. Legislação Ambiental do Mercosul e a Gestão de Recursos Hídricos na Tríplice Fronteira / Cristiane Gomes; orientadora Ana Maria Muratori. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Geografia) Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2008. 
MACHADO, Lia Osorio. Cidades na fronteira internacional: Conceitos e tipologia. II Conferência Internacional Desenvolvimento Urbano em Cidades de Fronteira. Foz do Iguaçu (PR), 2007. 
RABOSSI, Fernando. Nas ruas de Ciudad del Este: vidas e vendas num mercado de fronteira. 2006. 318 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, 2006. 
RABOSSI, F. Árabes e muçulmanos em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este: notas para uma re-interpretação. In: Seyferth, G.; Póvoa, H.; Zanini, M.C.; Santos, M. (Org.). Mundos em Movimento: Ensaios sobre migrações. Santa Maria: Editora da Universidade Federal de Santa Maria, 2007, p. 287-312.
RABOSSI, F. Dimensões da espacialização das trocas - a propósito de mesiteros e sacoleiros em Ciudad del Este. Ideação. Foz do Iguaçu, v. 6, n.6, p. 151-176, 2004.
RAMOS, A. D. A formação histórica dos municípios da região das missões do Brasil. 2006. Disponível em: <http://www.urisan.tche.br/~iphan/upload/downloads/file1.pdf>. Acesso em: 27 jun 2013.
ROSEIRA, A. M. Foz do Iguaçu a Cidade Rede Sul-Americana. 2006. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006.
SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens e Concepções de Território. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria L. O Brasil: território e sociedade no inicio do século XXI. 9ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2006.
WACHOWICZ, R. C. Oeste Paranaense. In: História do Paraná. 1ªed. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2010. p. 275-291.




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